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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pela metade

São ruidosas todas as nossas entrelinhas
são descuidados os teus movimentos
e também os meus, que anseiam por ti

traço uma linha entre nós dois
ela não nos divide, nos liga!
Insisto na tua presença, agora

não, tu não vieste para mim
não deste o ar da tua graça
e como sempre, o que mais posso fazer
senão esperar...

não destrate o meu coração
ele zela por ti
desejoso de tuas boas novas

saiba,
ainda tento entender
se cada minúsculo átomo de meu corpo
se cada segundo de meus dias
se tudo dessa vida o que mais me trás a felicidade
é ter a ti,
porque ainda insistes
em duvidar

saiba também,
se sou o teu conforto
se acalento tuas madrugadas
se supro tua falta do novo mundo
se estou contigo
onde e quando for
como ainda duvidas
de teu próprio
amor por mim

certo
tens razão
calo-me
abstenho de meus desejos
amordaço meu desespero
agoniarei mudamente
sofrerei calado
mesmo sorrindo
nesse mesmo estado
esperando

como consegues repartir
ensina-me teus segredos
mostra-me o dom que tens
de amar a metade
de guardar uma parte
de esconder a verdade
ocultar de ti mesmo
a satisfação

não te condeno
não creio que possa ser
não ouso duvidar
tenho que acreditar
preciso aceitar
mesmo doído
abastado
de nada
e muito

estenda-me a mão
daí mesmo onde estás
sinta percorrer por teus dedos
o amor que guardo para ti
umedeça teus lábios
deseje-me em tua frente
segurando tua face
tocando teu rosto
beijando-lhe
macio e suave
o primeiro
de todos eles

não estou aqui em vão
me desdobro em dois
desconstruo a vida em prol
do amor
quero, quero sim
não o teu pedaço
mas a totalidade
do seu inteiro
é assim que tens a mim
sou aquilo que precisas
e quando quer
sujeito-me
por vezes constrangido
a teus amores
e teus desafetos
já aceitei tua parcela
agora conquistarei o que me falta
não me tens pela metade
um amor
só se fortalece
plenamente
nunca pela metade

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