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quarta-feira, 30 de junho de 2010

E agora?

Caminhava sozinho por entre os fortes ventos e o aguaçal que caia. Minha roupa encharcada grudando em minha pele ouriçada. Calafrios percorriam todo o meu corpo. Meus dentes batiam involuntariamente. Meus lábios, mesmo que não os estivesse vendo, estavam roxos e congelados, assim como as pontas dos meus dedos. Caminhei o dia todo até aqui, muitos e muitos quilômetros, não mais sentia as bolhas em meus pés que também estavam congelados. Veja bem, você pode achar que foi uma loucura, mas não havia uma outra forma, foi minha única opção, era ir ou regredir tudo o que eu já havia passado. Tentando recompor meus pensamentos, agora neste instante, sinto-os confusos e descabidos, não consigo ordenar mais essas coisas. Acho que tudo o que vivi até aqui foi uma grande futilidade. Deus! Como é difícil encontrar razão para as coisas quando você realmente começa a compreender. Em pensar que cada passo que eu dei foi em vão... mas agora é diferente, tudo mudou, não consigo discernir bem o tempo, não faço mais parte dele, afinal. Estou aqui, mas sei que nada disso é real. Meu corpo responde ao frio e a umidade, minha mente continua serena. Sinto-me indestrutível. Repentinamente um raio cai a alguns passos de mim, meu corpo é arremessado a alguma distância, minha pele se queimou em alguns pontos e em outros fiquei esfolado pelo impacto com as rochas. Levantei-me calmamente, nada me doía, eu entendia a dor, entendia e nada sentia. Estava ótimo, melhor do que já estive em toda a minha vida. Enchi os meus pulmões de ar e prossegui. Comecei a escalar a última encosta das rochas. Meus dedos sangravam. O frio castigava meu corpo, mas nada me atingia a mente. Já me encontrava entre nuvens, subi por alguns minutos, meus músculos só se moviam agora por minha vontade. Galguei a última parede e por fim avistei o meu objetivo. Olhei pra baixo uma última vez e vi o céu fechado abaixo de meus pés, acima, vi o céu límpido de um lindo entardecer. Contemplei os últimos fachos de luz do sol, senti seu calor. Caminhei vagarosamente na direção dela, achei que não a encontraria, achei que fosse um mito, mas ela estava ali. Intocável, impecável e absolutamente linda. Balançava suavemente ao sabor do vento rarefeito. Suas cores eram exuberantes. Respirei fundo ao agachar-me diante dela. Seu aroma era inigualável. Toquei-a de leve e senti sua fina textura. Inclinei-me em uma reverência e a beijei em seguida. Suas pétalas me tocaram com um gosto doce. Lambi os lábios e fechei meus olhos. Concentrei meus sentidos em absolutamente nada, desliguei-os todos. Diante de mim a mais pura revelação, agora entendia de fato o que estava por vir, compreendi cada dia de minha existência. Agradeci o momento com minha nova percepção, estava pronto para a próxima missão. E agora?, pensei. A resposta veio-me antes mesmo que pudesse formulá-la. Levantei-me, olhei para o horizonte que se apagava, sorri singelamente para o sol e comecei a correr, acelerei quando estava perto da borda e assim que contemplei as nuvens cinzas abaixo do penhasco, atirei-me para frente num grande mergulho. Senti meu corpo acelerando pra baixo e antes que pudesse tocar a primeira nuvem, projetei-me numa grande parábola em direção ao firmamento. Voava velozmente como sempre havia sonhado, mais leve do que o próprio ar...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Traição

Oh!!! Que assunto mais cabuloso, não? Não! Não creio. Não, não sou um traidor. Se você me pedisse pra eu guardar um segredo eu com certeza o faria. Viu! Não sou um traidor. Mas o que diabos vocês pensam ser a traição? A meu ver, traição seria alguém fazer algo de muito horrível contra mim, algo irreparável. Então, pergunto-lhes: ficar com alguém além de quem você ama é uma traição? Pular a cerca no casamento é uma traição? Seu amigo matar a sua mãe só por diversão é traição? Se você respondeu sim para as duas primeiras perguntas e não para a última, precisa de um psiquiatra urgentemente (acredite, isso não é normal). Se você respondeu sim somente para a última pergunta, parabéns, você pensa como eu e sabe que o mais importante é manter a mãe viva a todo o custo (chifre não existe, é coisa que põe na sua cabeça). Agora se você respondeu sim para todas as três perguntas, não é que você esteja errado, apenas não saiu do sistema e pensa como todas as outras pessoas, sempre agindo da forma que foi programado pra agir.

Recapitulando: traição não é um crime. Não a traição no sentido de fidelidade (poderia ter usado a palavra “fidelidade” ou seu oposto como título, mas não explicaria a gravidade da situação). Veja bem, trair a pessoa amada ou quem quer que você esteja tendo um relacionamento não é, e não pode ser considerado uma traição. Infidelidade até que pode ser, mas...

Isso me fez pensar que eu tenho que primeiro explicar a infidelidade. Você está gostando de uma pessoa e decide que vai estipular um vínculo afetivo com ela. O que você faz? Geralmente, pede-se essa pessoa em namoro (ou não, vai saber). Pois bem, está estabelecido o acordo. Pera, pera, pera... não é bem assim. Alguém aí, por um acaso, perguntou a ambas as partes o que elas entendem por relacionamento? Se você perdeu alguém, justamente por este motivo, está aí algo que deve tomar mais cuidado daqui por diante. Prosseguindo, estabelecida as clausulas, pode-se continuar o relacionamento sem se preocupar com nada, certo? Errado! A fidelidade, não é uma causa natural do ser humano, se assim o fosse, não sentiríamos a menor ponta de curiosidade por nenhuma outra pessoa sequer. Não adianta ficarem me julgando quanto a isso, não usem o moralismo a seu favor, todo mundo sabe que todos nós sentimos desejos por outras pessoas (até o papa). Fidelidade é uma causa contratual, os envolvidos na questão, concordam mutuamente (ou não) a serem fiéis um ao outro. Todos sabemos que nem sempre isso acontece (é mais fácil dizer que, quase sempre isso acontece). Mas por que, de repente, alguém que amava muito o seu parceiro (a) decide ficar com um outro alguém? A maldição caiu sobre sua vida?! O demônio tomou a sua alma?! Ele (a) não amava mais aquela pessoa?! (isso até acontece) O mundo está perdido?! Nãããããããooooooo, pelamordeDeus, não! Quem foi infiel, primeiro devia se perguntar “sou culpado disso?” Resposta: É. Pergunta: “é um crime ou um pecado?” Resposta: Não (se você for de alguma comunidade conservadora ou de alguma religião radical, já era, estará condenado aos infernos). Relaxem, se vocês pensam como eu (até onde eu sei, só eu penso assim. Estou só... já acostumei) vão saber que tudo não passa de uma “pegadinha do malandro”, de um “teste de fidelidade do João Cleber”, vão se tocar e perceber que quem institui a infidelidade somos nós mesmos. Se você tem a consciência inquieta com a infidelidade, então seja fiel. Se você não se importa, e pensa que tudo foi a Sociedade/Igreja quem criou, não se incomode de ser infiel. Vou amenizar o meu lado, veja bem, se vocês se amam, se querem ser somente um do outro, respeitem o contrato, mas saibam que terão que suportar muitas tentações pra conseguirem isso (e não é tentação do capeta, deixa o chifrudo de fora dessa). E lembrem-se, o amor de verdade a tudo perdoa (putz! Falar de amor é uma outra tarefa, mas vou encarar essa depois). Aceitem a realidade, não temos o controle de muitas das coisas de nossa vida (se tivéssemos, nem sequer veríamos outra pessoa passar por nós), o desejo pode ser controlado, não extinto. Quer ser fiel, seja. Mas não venha chorar horrores por ter sido traído (a) ou ter traído. E vê se não mata ninguém. Matar quem você diz que ama (ou o/a amante) não é sinal de inteligência ou honra, isso sim é a traição. Aceite o que aconteceu com você, absorva a experiência e bola pra frente. Somos humanos, passíveis de erros. Que atire o primeiro “ego” aquele que nunca errou!

A tragédia do parágrafo acima me trouxe de volta onde eu queria chegar. Traição! Imponente nome de emprego errôneo. Resuminho básico: trair = erro (ou não, depende do pensante); matar por ter sido chifrado = traição (só os frouxos matam, os “machos” convivem com isso, aceitam as infelicidades da vida); não perdoar = é não saber o significado da palavra amor. Bom, se estão achando tudo um absurdo, cumpri o meu objetivo: chocar as pessoas. Estão me odiando? Para de ler, me deleta da lista dos favoritos, estuda um pouco mais o que eu disse (outra hora, agora não, você deve estar em estado de choque), reflita sobre a vida e pinte uma bela paisagem. Sem mais delongas, o que eu queria dizer é, quem foi o maldito filho da $%#@ que elegeu a infidelidade como traição? Se você destrói a vida de alguém com a sua possessão ou com seu ciúme, você é um traidor. Se você foi infiel é porque errou, ou porque descontou, ou porque não esclareceu bem as suas regras, ou esclareceu e o foda-se vai então para quem te ouviu e mesmo assim te quis. Ou, agora acorda e vai viver a vida real, onde ser traído e trair é uma possibilidade e não o fim do mundo. Para de chorar a perda e conquiste uma nova vitória. Enxugue as lágrimas, cresça e se levante. E me ouça, com muita atenção e com os dois ouvidos: ISSO NÃO É NEM DE LONGE A PIOR COISA QUE TE ACONTECEU! PARA COM ESSA MERDA, CHIFRE NÃO É TRAGÉDIA! INFIDELIDADE NÃO É TRAIÇÃO!

Esse foi o meu desabafo para com a falsa moralidade de pessoas que julgam as outras sem olharem para o próprio rabo. Não, não estou falando de você em específico (olha a pretensão). Cansei de ficar sendo mal tratado e julgado pelo que eu penso. E não sou inexperiente no assunto pra falar sobre ele, já fui infiel (não é traição) e já foram infiéis comigo (e olha que só estou falando das que eu sei). Já reagi mal a tudo isso (não matei ninguém, eu juro), já chorei muito, já pouco me lixei pra isso. O que importa é saber aceitar. Tenha a decência de aceitar o que lhe aconteceu e saiba tomar a decisão correta. Gosta da pessoa? Fica com ela (se ela quiser ficar com você e estiver arrependida. Ou não, depende de você). Não gosta da pessoa? Não fica com ela (não mate, isso não é legal). Ficou com raivinha, não aceitou? Desconta, chora, mas não enche o meu saco. Desculpem novamente se ofendi direta ou indiretamente alguém, não foi o meu objetivo (ou não), só queria tirar esse peso de cima de minhas costas.

Ah! Isso tudo não quer dizer que eu não saiba ficar com quem eu ame, pode ser que um dia eu pense tudo ao contrário e aceite a me firmar em um destes contratos... (ou não...)

domingo, 27 de junho de 2010

Sentimentos

A muito venho falando de sentimentos. Os sentimentos estão tomando novas formas e novos coloridos. Venho me perguntando: por que sentir tudo isso? Cada vez mais estou vendo o filme de minha vida. Como disse várias vezes, sou apenas um personagem, nada mais que isso (e ainda acho que interpreto muito mal). Pra que me preocupar com coisas vãs? Pra que me importar com o que acontece se minha certeza da não existência das coisas só aumenta. Conversando com alguém muito especial num desses dias, esse alguém me perguntou: “se o mundo é uma ilusão, pra que viver?” Fiquei pensando, o fato do mundo não ser real não é uma desvantagem, pelo contrário, é uma grande oportunidade de decifrar suas regras e criar a suas próprias, de interagir com ele, de usá-lo a seu favor, de melhor viver. Poxa, viver é aproveitar esta oportunidade única. Não sei o que virá depois, não faço idéia se teremos uma nova vida (reencarnação), se só teremos essa, se nossos espíritos evoluirão ou se regredirão, o importante é viver muito bem essa sua única vida. Única no sentido de inigualável. Pode ser que existam melhores ou piores, mas como esta, nenhuma outra. Não façam drama de suas vidas, não se atormentem com os problemas e os sofrimentos, não enlouqueçam perante as dificuldades. Os assim chamados “problemas” são invenções de nossas mentes desocupadas de vivências. Se você é uma dessas pessoas que não pode, não sabe, lidar com problemas, você precisa encarar sua vida. Olhar-se no espelho e perguntar: “que porra é essa?” Não tem mistério, somos aquilo que desejamos ser. O ser humano tem a incrível capacidade de culpar qualquer coisa ou qualquer um do que a si próprio. Sabe, quem faz isso é quem não entende a vida como ela é. Não entende, não! Não quer ver o que está diante de si. Num livro que estou lendo, o mestre diz para o discípulo que ele só aprende o que os outros dizem, futilidades e pré-concepções de coisas não entendidas. Entender uma coisa não é ler sobre ela, ou mesmo sequer estudá-la. Entender é aplicar. Viver da forma que você sabe que tem que viver. Só aprendemos algo quando de fato o vivemos. Pratique o que você prega. Essa é a máxima, mas de nada adianta se você não souber o que tem que aplicar. O sentimento é uma de suas melhores e piores tarefas. Saber sentir é estar em imparcialidade com o sentimento. Está afetado por um sofrimento, por uma raiva, por uma alegria? Se de fato o está, por que é que não permanece neste estado? Já reparou que seus sentimentos de tristeza duram mais do que os de alegria? Duram mais pelo simples fato de você achar que eles são piores. Mas por que você os enxerga assim? Alegria é a mesma coisa do que a tristeza, é um sentimento. Só isso. Sua alegria passa, sua tristeza e dor também. Nada fica, nada vai ficar. As pessoas acham que não ter sentimentos é uma coisa ruim, outros acham bom, você não tem que achar nada. Quando eu tenho um sentimento, paro, observo, e tento estar de fora dele. Quando não estou, encaro-o. Só isso. Se estou sofrendo, eu sofro, se estou feliz, eu fico feliz, quando eu não estou sentindo nada, que é o melhor de tudo isso, eu aproveito. O sentimento é pra ser sentido. A vida é pra ser vivida. O povo acredita que viver é sofrer, eu acredito que viver é aprender, experimentar, curtir. Nada de drama, nada de se punir por nada nem por ninguém, não fique querendo sentir pena de si mesmo. Acorde pra vida, ela está passando. Conforme-se, você é obrigado a sentir, mas não é obrigado a se incomodar com isso. Mude suas perspectivas. Para olhar para o outro lado é só mover os seus olhos para a outra direção. Sentir e não se incomodar também. Viver o sentimento, entendê-lo é mais prazeroso do que se alegrar. A alegria passa, a compreensão não. Não sinta somente, saiba.

Continua...

sábado, 26 de junho de 2010

O Pedido

Peço pra que continue a escrever tuas belas palavras.

Peço para que não tenhas medo do desconhecido, que se apresenta sendo tudo aquilo que ainda não foi escrito.

Peço para que ame tudo aquilo que faz, que demonstre em palavras todos os teus sentimentos.

Peço para que continue bela e bela sempre seja, como és em teus versos.

Peço para que perca a noção do espaço e do tempo e entre para atemporalidade criativa, onde nós, os escrevedores, repousamos entre mortais.

Peço que venha para a luz, que saia das trevas do esquecimento e galgue a passos firmes, ao meu lado, uma brava jornada.

Peço que use a força que tens para uma causa nobre, para as vias de fato, que produza e exponha tudo aquilo que tens dentro de ti.

Peço para que, nem sequer por um instante, duvides de tua missão.

Saiba então que, e outro modo não há, deves sempre compor, em fortes palavras, teus lindos versos, que tomarão as formas de tua amplitude.

Peço para que saiba...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O crítico

Depois de muito tempo postando, por fim, eis que decido averiguar, na verdade apenas ler, em voz alta, um dos meus textos. Confesso não saber o porquê de algumas pessoas elogiarem tanto o que escrevo. Alguns trechos distintos em muito me agradaram, mas são apenas algumas poucas frases isoladas. Contemplei minha ignorância e minha ignomínia. Bestifiquei-me com os escândalos de minhas palavras, assim sendo, odiei-me. Não estou pedindo bajulação, estou apenas retratando o que de fato vi: muita incoerência e muita desordem. Para tanto, inclusive, neste texto estou computando cada letra para evitar mais uma obra descabida. Singularidades à parte, a quase totalidade destas linhas, mesmo que pensadas e calculadas, provavelmente escandalizar-me-ão de forma irreversível. Posso caprichar por quanto queira em meus escritos, mas o que sou além de um nada a mais? Quantas são as obras de colossais escritores e inomináveis poetas que dão banho em meus singelos papéis? Por que atrevo-me a escrevinhar sem ao menos lê-los todos? Arrisco-me nestes desenhos gramáticos sem, por certo, saber como de fato registrá-los. Piedade tenham de mim, mas não clamem minhas lágrimas. Sou apenas um escrevedor, lembrem-se pois.

Não quero ser um chulo artista de linhas esvoaçantes, nem tão pouco um escritor medíocre. Meu intento é e sempre foi o de produzir belas palavras, que unidas a outras tantas, darão vida a minha própria existência. Capricharei em meus ideais, vasculharei até as mais tenras fontes em busca do devido aperfeiçoamento. Prometo centrar-me mais em prol de boas prosas, cuidar melhor dos caracteres que constituirão meus, talvez acertados, pareceres. Lerei infindávelmente cada obra de cada autor necessário à minha formação. Absorverei cada estilo literário transmutando-os em um estilo próprio. Não medirei esforços para surpreender a mim mesmo com melhores e mais formosas composições. A labuta escancara-se arduamente, mesmo que assim o seja não temerei os desígnios proféticos e desejosos de meu ser. Enfrentarei minha quimera por mais desgastante que se apresente. Maquino preencher-me de leituras, quando não neste afazer, prontamente estarei a produzir.

Sou o meu maior algoz, sei portanto da minha não profissionalidade. Lamento e redimo-me para com os que me lêem. Não há nada pior do que minhas próprias críticas. Tropeço em minhas construções mas quero mais do que a simples perfeição. Cobiço o diferencial que estará não somente em minhas criações, mas também em minhas imperfeições. Almejo assim sulcar o meu nome entre os grandes, sem contudo, perder para sempre a humildade que me mantêm sendo o que já sou: escrevedor.

Postagem número 50

Este é um texto enxuto, criado apenas para comemorar a minha quinquagésima produção. Muitas delas, sei bem disso, nem deveriam ser consideradas obras, mas o que me faz querer bem a todas elas é: vieram todas de mim. Nasceram do meu eu, chatas e ininteligíveis como seu progenitor. Agradeço a quem muito se esforça para vir a pé até este blog, dispor de seu escasso tempo, lendo minhas enfadonhas linhas. De coração meu muito obrigado. Mas meu carinho todo especial vai para quem não perde uma postagem. Para quem, mesmo que não poste um comentário, não deixa de dizê-lo pessoalmente ou por meios eletroeletrônicos. Valeu a força que me dão pra continuar tendo vontade de escrever dia e noite incessantemente. Podem achar que estão só lendo um outro blog qualquer, mas na verdade estão é lubrificando os movimentos das engrenagens do meu pensamento. Vocês são a minha força motriz. Comemorem comigo e não deixem de sentar o pau no que escrevo. Não afrouxem as críticas e provocações. Detonem com tudo, só não parem de ler.

Agradeço também aos blogs que sigo e aos que estão me seguindo. Podem achar que não me influenciam, mas quando leio as inúmeras postagens destes, animo-me a tentar ao menos igualar-me a vocês. Somos uma força conjunta. Espero assim, também servir de inspiração. Obrigado de verdade.

Conselho do dia: leiam e escrevam copiosamente.

A dor

A dor que sentimos, realmente, vem de onde? A dor do coração, de fato, vem de lá? O que é a dor? Já ouviu a frase: “dor é psicológico”? Pois então, eu prefiro dizer: “dor não existe”. Não que eu não vá gemer se sentir dor. Não que eu não a perceba. Creio que a dor é só mais um dos sentimentos que está entre as coisas que não existem. Lembra do meu texto anterior? (aquele em que eu divaguei por absolutamente coisa alguma) Nele eu disse que via o mundo como uma espécie de encenação. O que é a dor, volto a perguntar? Seria ela, então, o papel desempenhado pelo ator. “Sinta muita dor neste trecho, eu quero emoção. Pense num fato triste de sua vida”; este é o diretor te preparando pra grande cena. Seu coração dói? De verdade? Parou pra se perguntar por que? Já? Então sabe que ele dói porque você o deixa doer. Nada além disso. Duvida de mim? Experimente pular de bungee jumping durante uma crise emocional (vai lá, eu espero). E aí? Sentiu a dor, a tristeza, refletiu a emoção? Não! Você cagou de medo e se entupiu de adrenalina! A dor é isso: é aquilo que você sente quando quer sentir. Se seu cérebro está ocupado com uma coisinha qualquer (puta emoção), garanto-lhe, não sentirá mais a dor. Refaço a frase: “dor é psicológico”. Reconstruo-a: “seu cérebro sente o que você quiser sentir”. Não duvide disso desta vez. Quando nos encontramos em situações avessas ao nosso cotidiano, de preferência algo radical, sua dor se desliga automaticamente, porque naquele exato momento você não conseguiu mais mandar na sua cabeça. Viver o instante presente. Aquele exato segundo que fará de você um ser sem dor. Preocupe-se com o que você poderia estar fazendo se não estivesse criando isso pra sua vida. Percebeu? Você comanda os seus sentimentos, você é o chefe (ta começando a parecer livro de auto-ajuda).

Meu texto de hoje terá de ser mais curto do que o de costume. Minha cabeça dói. Não, não é dor de emoção. É um terror psicológico. Tenho centenas de páginas de estudo, dezenas de declinações e análises morfológicas pra fazer. Fora as traduções que terão de ser aprendidas e decoradas (e muita gente achando que eu não estudava, né?). Passei algumas horas lendo e escrevendo, mas não queria aumentar a minha dor física (ler e traduzir o grego) com uma dor emocional (deixar de postar hoje). Neste sacrifício todo (até parece que eu não gosto), pari mais este texto. Finalizando, lembre-se: se doer, esteja ciente, essa dor é só sua. Você que a construiu.

Adendo:

O mundo tenta conspirar pra que eu sinta dor (raiva no caso). Exatamente quando eu acabei de digitar o texto acima e estava pronto para postá-lo, eis que a energia acabou. Mas sou mais forte, resisti ao sono e esperei que voltasse e aqui está.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Prolixo

Prognósticos de um dia sem rendimentos somáticos: nada se altera, na verdade nada existe para ser alterado. Razão para se desconfiar desta máxima: não estar presente em todos os momentos, plenos de nós mesmos. Assim, já dizia o filósofo que não sabemos distinguir nossos sonhos da realidade. Vou além; como distinguir a realidade dela mesma? O que é estar vivo quando ao menos se sabe o que é viver? Lamento ser confuso ou prolixo, mas não faz sentido a vida nela mesma. Quantas e quantas vezes alguém parou para refletir sobre si mesmo e percebeu que talvez, só talvez, não estivesse ali naquele momento? Se você já passou por isso, sabe do que eu estou falando. O que te faz ter certeza de alguma coisa. Ao meu ver, quem tem a pretensão de dizer que tem certeza de algo (o obvio não conta), subestima a capacidade de quem sabe pensar por si mesmo e agride a verdade. A convicção nada mais é do que a fé deturpada. Tenho orgulho de ser um ser em dúvida. Talvez, se não duvidasse tanto, não chegaria nem à metade de minha jornada. Simplesmente teria sentado e desistido. Não quer dizer também que eu duvide de absolutamente tudo, creio em algo e com isso vou moldando minhas certezas e transformando-as em minha filosofia. Minha busca continua e não espero termina-la, apenas prossegui-la. Não tenho a intenção de chegar a um lugar mágico que transforme a minha compreensão em fatos. Quero viver de minhas descobertas, de minhas conquistas, das minhas dúvidas que me fazem persistir.

Creio duvidando de que todos nós fazemos parte de uma grande peça, de um mundo imaginário onde interpretamos nossos papéis, alheio a tudo a nossa volta. Quando, por ventura, um de nós descobre um pouco desta falsa realidade os nossos roteiros vão se modificando e se transformando para que nos tornemos mais coadjuvantes do que antes éramos. Deixe-me esclarecer: todos, por mais que neguem, se acham mais especiais do que os outros, que estão ali por uma grande causa nobre e uma vida de suprema felicidade. Buscam incessantemente a alegria em suas vidas, mas o que acontece é que somos apenas mais um nesta representação. Quando nos pomos a par da “verdade”, conseguimos um papel mais singelo, com menos emoções e menos vivencias. Você sabe que está ali, qual o seu propósito (ou ao menos julga saber) e sabe que quanto mais se sabe, mais não precisam de você aqui. Talvez seja escalado como um outro figurante de uma outra realidade. É claro, porém, que talvez você tenha alguma síndrome de Buda e tente libertar as almas (figurantes) de suas vidas (papéis) fúteis. Ou não, afinal de contas. Como disse anteriormente, o que é a verdade? Quem disse que eu estou aqui digitando algo que você supostamente está lendo?

A verdade pra mim é subjetiva, assim como a vida. Cada um age conforme pensa dever agir. Penso que você é aquilo que decide ser, assim, sem esforço algum. Proclamo em minha vida a liberdade de meus sentimentos, por acreditar que o real é aquilo que queremos tornar real. Gosto de viver sem medo e perder tempo não fazendo o que eu achava que devia ter feito. Aproveito bem meus dias, ou não, mas não me queixo das coisas, ou sim, levo sempre a certeza da dúvida e vivo por viver. Pensar demais em questões que me fazem regredir, ao invés de pensar em coisas que me fazem evoluir, me impede de viver livremente. Tento não incomodar as pessoas, então me ajudem, não me perguntem o que penso da vida. Tento não mentir e agora criei uma pergunta para as perguntas a mim feitas: “você quer a verdade, a meia verdade, ou a mentira?” Mesmo assim, até agora, ninguém optou por “meia verdade ou mentira”, o que muito me frustra. Queria que quem me perguntasse algo que não quisesse ouvir aceitasse as duas últimas versões dos fatos, pois a verdade que eu digo, é apenas a minha verdade, só minha. Que a verdadeira verdade? Vá buscar a sua.

sábado, 19 de junho de 2010

O beijo

Te beijo, te beijo sim....

te beijo com vontade, te beijo com suavidade, te beijo com desejo, te beijo do meu jeito
te beijo na boca com paixão, te beijo com amor, com calor, como o frescor de uma bela manhã

te beijo da forma que você me beija, te beijo com o meu beijo que só eu beijo
do jeito que beija eu, serás beijada, serás desejada e num beijo serás amada...

o beijo molhado, o beijo roubado, o beijo que entorpece o beijo que a gente nunca esquece
o primeiro beijo, o segundo e o terceiro, um beijo e meio, um beijo inteiro

beijo e te rebeijo, de um beijo até um outro beijo, do início do beijo até o fim do desejo
o desejo não para e o beijo não acaba, um beijo após o outro eu te beijo

no fim, só restará a lembrança do beijo, o resquício do amor, a presença da dor
dor que acaba como o lembrar do furor, a imagem do nosso primeiro beijo de amor

sem medo, sem tristeza, só restará a beleza do que ficou
marcada no peito, o beijo do Pedro, no seu coração que sempre me amou
viverei ao seu lado, sempre grudado ao lábio que me tocou
beijo beijado, beijo suado, beijo que beija, o beijo do amor...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Apenas um dia...

Mais um dia, mais algumas coisas boas, mais algumas outras coisas ruins. O que esperar de um dia, em que para muitos, é o dia dos dias? Pra mim nada. Confesso que tentei. Tentei sentir o espírito de união, o espírito nacional, mas o que tenho é apenas o meu espírito solitário (solitário no sentido de busca por mim mesmo, não é pra ficar com dó não). Acordei hoje um pouco mais tarde. Matei minha aula de grego preferida pra poder dormir. Planejei, confesso. Não fiz também o trabalho e também não estudei. Sou à toa? Sou preguiçoso? Sou desorganizado? (e como sou) O que não quero é ser julgado, mas se for também, pouco me importo. Estou aprendendo a discutir menos e aceitar mais. Não me quer? Tem ódio de mim? Não está satisfeito com minha presença? Conforme-se. Uma hora passa. Não passou? Então talvez você não esteja disposto(a) a aceitar este fato. Pra que tentar tornar o mundo perfeito? Preciso de um pouco de respeito apenas. Não quero que nenhum FDP me cuspa na cara (pode até cuspir, mas terei o direito de obliterá-lo da face da Terra) ou que faça mal a algum dos meus. Toda ação tem uma reação. Trato muito bem as pessoas. Se não trato, me desculpo. Se não me desculpo é porque achei que merecia. É o meu direito, é o seu direito. O meu acaba onde o seu começa e vice-versa. Tanto faz. O que me incomoda é ficar sofrendo. E se eu sofro única e exclusivamente por minha própria culpa, então basta. Chega de me incomodar, chega de pensar demais, chega de pensar o desnecessário.

Pra que escrevo isso? Bom, eu acordei, enrolei, escrevi, escrevi mais, assisti a uns seriados, comi, dei de comer a meus cães e gatos, escrevi, cochilei, falei no telefone, escrevi, cortaram minha Internet, saí pra pagar uma conta atrasada, vi belas mulheres, escolhi uns filmes piratas com o Paulão, me irritei com a baderna na rua, voltei correndo, mandei calar meus cães, liguei na Net, escutei a merda da gravação, desliguei, escrevi de novo, a tv já estava ligada, pus num canal sem Galvão, comecei a assistir o jogo, desligaram minha tv a cabo bem no começo do jogo, passado cinco minutos. Fiz de tudo pra não estar em lugar nenhum pra ver isso, por fim foi o “destino” que se encarregou de me impedir. Já não gosto de futebol há muito tempo e este ano planejei não ver nem mesmo a copa. Parece que eu consegui, ao menos o primeiro jogo. Frustrado com a péssima imagem e com o, lotado de adjetivos desqualificativos, Galvão Bueno, coloquei-me a escrever este texto, que eu não faço idéia de quando irei postar (vai depender de religarem minha Internet).

Enquanto escrevo, como biscoitos e tomo um achocolatado forte (muito doce). O jogo continua, o povo lá fora vibra. Curioso... são os inimigos de times que estão gritando por um mesmo ideal. Devem estar se abraçando, em circunstâncias similares estariam se matando. Vai entender estes ogros. O telefone toca, outra não muito boa notícia. Um adeus indeciso. Chateado? Não, apenas conformado. O que tiver que ser será. Todos gritam a vitória do país em um único jogo. Mais um motivo pra beber mais do que já se bebe. O mundo vai perdendo o sentido e depois eu é que sou o cara anti-social. Ao meu ver, quem destrói a convivência pacífica na sociedade é que o é. Gosto da minha individualidade, de pensar por mim mesmo, de escrever o que penso, de amaldiçoar a demência humana. Estou feliz com o que posso ou não fazer e querer. Este foi mais um dia, que ainda nem acabou. Não houve diferença dos outros todos. Indiferente estou do caos lá fora. Planejarei meus próximos textos, terminarei uns outros, tocarei alguma coisa, comerei, assistirei algo... enfim, serei eu por mais um dia. Nem alegre e tão pouco triste.

Espaço do Tempo

Estar aqui neste momento não me faz não estar em outro lugar ao mesmo tempo. Trabalhando o fluxo de consciência, noto estar em vários momentos ao mesmo instante. Onde? Onde não, quando. O quando também é ultrapassado e descabido. Não conheço uma palavra pra definir o espaço ocupado por nossa mente. É uma memória imediata, um acontecimento instantâneo, não é apenas uma lembrança ou minha simples imaginação. Qual a diferença de estar em algum lugar de corpo presente e de estar neste mesmo lugar apenas em sua imaginação? Ao meu ver diria que nenhuma. Veja, se meus sentidos são ditados por meu cérebro, o que me impede de criar a condição real de estar onde não se está? Imagino o lugar, penso em cada um de seus detalhes, cheiros, cores, sensações, gostos, e tudo mais para que eu transborde minha mente de dados. Criei meu mundo real em minha cabeça. Agora, o que me impede de estar lá neste momento? Meu querer, eu diria. Minha obra ficcional é toda baseada no mesmo fato: o querer, o acreditar. Fé cega? Talvez. Realidade? O que de fato é a realidade? Não há explicação para o que queremos e conseguimos com o poder de nosso pensar. Refleti muito sobre isso e ainda o faço. Seria desleal não termos uma capacidade assim, mas mais desleal que isso é o fato de não termos a capacidade de usarmos isso como usamos nossa visão. Péssimo exemplo, até mesmo a visão é distorcida, assim como todos os nossos sentidos. Ultimamente ando me propondo sentir além dos sentidos. Escrever está me ajudando. Quando transformo meu sentimento em algo “lível”, posso absorver o que estava sentindo de forma literária. Algo que eu possa refletir sem que aquilo me impeça de pensar ou me faça sofrer ou ser feliz. Estou à parte dos meus sentidos. Vejo e leio as minhas emoções sem senti-las.

Quem sou eu de fato? O que posso ou não fazer e conseguir com o meu querer? Cada dia mais eu vejo o mundo como um papel a ser interpretado. Acredito na não realidade da vida, na sua subjetividade. Estamos vivos de fato? Existe um começo ou um fim? Quero ser responsável por minhas decisões, por meus atos, por meus pensamentos. Quero poder decidir o que na minha vida é ou não real. Eu faço isso, se não sou eu que faço, vou acreditar até esta seja a verdade. Não vou me impedir e nem deixar que me impeçam. Posso, acredito que posso. Creio e tenho fé. Fé em mim mesmo, no que posso tornar real. Se penso estar em algum lugar do universo, que eu esteja então. Tornarei fato o meu imaginar. Imaginar o que será o meu fato. Criar, desfazer, tornar a mentira em verdade. Estou agora aqui, ali, além. Estarei onde meu querer me levar. Sou dono do meu espaço, do meu tempo. O tempo existe à minha volta. Se faço parte dele ou não, se estou ou não entre o seus espaços, sou eu quem dito. Entre o tempo existe o espaço e entre os espaços temos o tempo. Entre os dois eu me coloco, ou simplesmente, fora deles.

Reflexão

Devaneios,
Trechos fragmentados dos frascos partidos da lembrança.
Momento imediato de absolutamente nada.
Tosca caligrafia, documento registratório de nesga nenhuma.
Viver o nada do presente passado, esvaído.
Circundar com delimitações imaginárias o vago do vazio.
Prender em falsos recipientes o sequer existiu.
Olho imagens geradas por minha percepção descabida.
Toco em fluxos imaginativos de minha mente.
Cheiro o odor inodoro do pensar.
Vibro as células com lamentos pesarosos, incompreensíveis.
Caibo na gota do orvalho do dia ensolarado.
Observo a luz da escuridão sombria dos dias de inverno.
Pratico gestos e atos somatórios, incautos e invisíveis.
Desejo sentimentos verossímeis de improbabilidades.
O vento sopra o pó do esquecimento.
A claridade apaga a idéia brilhante.
O calor envolve o gélido destino de não ser.
Viver consolado de produzir mais uma fatia de esquecimento.
Gerar outra vida a ser obliterada.
Juntar os cacos que completam o vácuo.
Despertar o anterior a tudo,
Para que envolva novamente
O que sequer veio, a um dia,
Poder refletir...
Sabia que vivia.
Sabia que refletia.
Concluiu que não estava ali.
Que nada era o tudo.
Que tudo estava repleto de nada.
Vagou a longos passos
O infinito de incompreensões.
Sentou, descansou...
...não, não existia
não mais refletia
refletiu sobre o refletir
refletiu que nada era melhor do que não estar,
do que não ser,
do que não existir,
do que não ter que pensar.
Viu-se refletido.
Refletiu sobre o reflexo,
Nada mais era do que o reflexo de sua reflexão...

Cadê o escrevedor?

O desaparecimento do escrevedor deve-se principalmente às grandes responsabilidades dele para com a família, a universidade, ao trabalho e primordialmente a sua própria preguiça. É, mas o fato é que em hipótese alguma eu deixei de escrever, em momento algum. Manuscrevi muitos textos e muitas linhas da minha obra e assim optei por ser mais rápido e direto. Além de poder fazer isso em qualquer lugar. Digitar seria assim também se eu dispusesse de um computador portátil, mas isso não me impede. Luto com as armas que tenho. Bom, acho que esta é a melhor explicação. O que me fez ver toda esta experiência? Senti no intimo do meu ser que não posso mais viver sem isso. Não tenho mais a capacidade de abster minha vida dos traços ou dígitos que expõem meus sentimentos e reflexões. Quero escrever a todo instante e se não o posso fazer, sinto crises de ansiedade até que o escreva. Se não escrevo o suficiente também, quase me mato de angústia. Afinal, o que está acontecendo comigo? Sentia esta vontade com a minha guitarra, não que não sinta mais isso, mas de uns tempos pra cá, o que ocupa minha vida com prioridades é a escrita. Criar, e criar e nunca mais parar. Vou jorrando letras e assim preenchendo o branco vazio das páginas. É a coisa que mais me diverte. Prometi a mim mesmo que tenho que escrever incessantemente e tratar bem a qualidade de meus textos. Não posso deixar de lado também o meu livro que tanto tenho vontade de chegar ao terceiro capítulo. Sabe, este é mais um daqueles textos que começo sem pensar num começo, meio ou fim. Comecei escrevendo-o apenas com a intenção de dar uma certa justificativa e acabei por dizer a necessidade que tenho de escrever. O ponto positivo de nada ter escrito no blog nestes últimos dias foi que, pelo menos umas cinco pessoas reclamaram que eu não postava nada. Ou seja, notaram a minha ausência. Isso é uma grande satisfação. Não sou publicado, não sou conhecido, mas tem alguém no mundo que me lê. Já posso me dar por inicialmente satisfeito.

É isso! Cadê o escrevedor? Não, ele não morreu e está mais do que vivo. Ativo. Não pretendo deixar dias em branco como as páginas dos meus cadernos ou os arquivos do Word. Tenho a intenção de postar em todo o santo dia, escrever eu sei que vou, postar eu vou me esforçar. Tentarei também não perder mais noites e noites de sono pra terminar um escrito. Estes últimos dias foram incríveis em muitos aspectos. Tenho muitas coisas na cabeça pra passar pras frases. Muitas homenagens, muito cotidiano, muito conto. Não paro de pensar e mesmo que parasse, cheguei a um ponto em que meus dedos pensam por mim, são autônomos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Stand by

Fragmento de uma vida, simples compasso do tempo. Não sei se foi o desfrute de outras eras, nem tampouco desta mesma. Meu ardor aumentou e engrandeceu, de simples labareda à grande fogaréu. Gosto de gostar do jeito e das frivolidades. Admiro-me muito com os pensamentos, encanto-me com os inocentes gestos... bocejar, abraçar, sorrir, tentar, errar, voltar, se impacientar, reclamar, desistir, retomar, vencer, conquistar e me orgulhar. Simples não pareceu e simples não foi. Veio, ficou, encantou e rudemente me espantou. Olho e não vejo somente. Admiro e contento-me. Lá no fundo encontro o eu que muito me enganou, me confundiu. Eu quis, não pensando em não tentar. Alertou-me o coração que ver e viver não eram o bastante. Ele quis e assim o fez. Tomou para si um desejo e dali retirou o seu preço. Remoeu, remoeu, e se arrastou até entender. Não era pra pensar. Travou a batalha, não tão nobremente disputada. Caiu, levantou, e tornou a cair. Limpou a poeira, aceitou e consolidou. Aceitou e não mais discutiu. Se calou. Entristeceu. Magoou. Mas no fundo permaneceu. Inconformou e pensou, pensou e tentou... mesmo cansado e abalado. Bateu-lhe o não. Junto a firmeza do outro não. Parou. Pensou, pensou, não desistiu, deu trégua. Pediu pra esquecer, rezou, mas não acreditou na benção. Não o quis, não o quer. Carregou o prêmio junto aos outros tantos. Não empacotou, pôs ali, sobre a mesa. Viu partir, viu sorrir, abanou com a mão e no mesmo instante estremeceu o coração. Não era pra continuar a batalha, abaixou o sentimento no chão. Não era pra ser mais usado. Não ficará este, calado. Apenas animado, esperançado. Sorriu, regozijou. Outro dia veria o amor. Certificou o “não”. Reprovou. Novo “não” protestou. Não, não esqueceu, não superou, apenas “standbyeou”¹.

1 – ato ou efeito de deixar em stand by, em espera.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ao jovem poeta... meu grande amigo...

(O que está escrito abaixo é um desabafo. Tentei escrever este texto por dois dias. Quando finalmente escrevi, estava aliviado de minhas dores e pude ver realmente o que devia fazer. O titulo também foi mudado. Era pra ser uma crítica e o primeiro grande parágrafo o é. Mas o segundo passou a ser uma carta direcionada a meu querido discípulo. Coincidentemente é hoje o seu aniversário. Espero que minhas palavras te inspirem mais do que os meus atos. O título dado aqui e todo este texto é minha homenagem pra você. Parabéns.)

Por horas e mais horas refleti o que escrever e como aliviar minha mente de tais perturbações. Visto não saber como iniciar minha revolta, em palavras, decidi por deixar minha mente falar em seu fluxo natural. Não estou nem um pouco feliz e agora nem sequer triste. Meu ódio se esvaiu com minha noite de sono. Precisei matar minha aula de hoje pra não me tornar um zumbi sonolento e preguiçoso. Ontem, porém, não parava de me magoar com meus pensamentos. Demorei horas pra dormir. Me perguntei n vezes o por quê? Não, não compreendi, a ainda não compreendo. Sempre me questionaram a cerca da traição, ontem porém, tive provas do que considero traição. O que me revoltou, que é o discurso principal deste texto, foi minha intolerância às drogas. Vou expor aqui o que mais me irrita neste assunto e o que me levou a escrever sobre ele. Pra começar, acho que quem faz uso destas merdas, além de não saber o que faz, acredita que tem controle total sobre o que está fazendo. Acredita na verdade que está pregando e se justifica como se aquilo fosse sua única visão. Seu mundinho distorcido e inacabado. Eu comparo o discurso em favor das drogas como sendo o mesmo discurso de fanáticos em favor de suas crenças religiosas. Vamos deixar bem claro, com muita dificuldade, vou expor apenas a minha opinião e não o que julgo verdade. Vou me ater apenas a alguns fatos e comparações de minha vivência. Vou tentar ser democrático com algo que abomino, comparado a um estupro ou mesmo um assassinato. Sei que exagero muito quando falo disso, mas o que eu deveria fazer? Penso muito em apenas deixar de lado e não me importar mais com isso. Já cheguei a achar que eu realmente estou louco e que se o universo é usuário, o errado aqui neste mundo sou eu. Será? Bom, lamento minha incompreensão e meu preconceito, mas pra mim não dá. Sabe, ver todos a minha volta, um a um caindo neste vício e se perdendo pra sempre. Inúmeros são os amigos que tive e que me afastei por preferirem essas companhias. Não posso julgá-los? Claro que não, mas não tenho que aceitar perder as pessoas que amo e que realmente dou valor sem me revoltar. Não é certo, não é justo. Ta certo, a escolha é deles, mas não é justo, não é bom. Isso tudo que eu estou engasgado pra dizer, veio de uma descoberta muito, mas muito triste. Como a maioria sabe, dou aulas particulares de violão e guitarra, e um dos meus alunos, um dos mais queridos, um que faz aula comigo a mais de três anos (se não isso, ao menos parece, bem mais), se revelou sendo um dos usuários destas coisas que abomino. Como esconder o tamanho da minha decepção? Não tenho palavras pra descrever o que eu senti na hora, nem depois, nem agora... tenho alguns dos meus alunos como amigos, outros como irmãos mais novos e assim por diante. O que senti na hora, seria mais como a perda de um filho. É comovente e não está sendo exagero da minha parte. Se você ler isso, não pense que não sei o que estou dizendo. Não preciso experimentar e viver deste meio pra saber que não é bom. Se assim o fosse, teria que matar dezenas pra saber que não era um assassino. Nesta hora, meu tempo de vida e todas as minhas experiências contam pra alguma coisa. Você não sabe o que faz, vai por mim, pode achar que sabe o que é melhor pra você, mas não sabe. Na idade dele era muito mais independente e mesmo assim não passava de um crianção, sem noção do que estava fazendo. Demorei muito pra ter consciência e mesmo quando a tive, considero ter sido por pura sorte. Só me tornei um homem de verdade depois dos meus trinta anos. É muito complexo afirmar e saber o que se está fazendo. Não, você não sabe. Minha opinião mudou a vida inteira e acredito que a de muita gente seja assim. Me considero um cara de mente aberta, mas abrir a cabeça pra uma experiência que não é real e que não estarei em mim pra ser minha própria testemunha, não e ser mente aberta, é ser mais um no meio de milhões. Você não está sendo original e nem está sendo cult. Está indo pra um caminho, que mesmo que retorne, terá perdido muito. Não, isso não relaxa, só te dá esta falsa sensação. E isso não é motivo pra se manter um consumidor da droga. Sempre pensei que seria uma inspiração para os meus alunos. Me orgulho de ser extremamente careta. Não fumando, não bebendo, não usando drogas e nem ao menos comendo carne, pensava eu, ser um exemplo pra eles. Mas nada no mundo é perfeito. As pessoas têm que errar muito pra se encontrarem, mas até quando errar? Desculpe você, desculpem as pessoas que pensam de uma outra forma, não sou um cara que gosta de ver o melhor de uma pessoa se perder por entre suas falsas expectativas. Não acredito nas drogas e nem no que ela pregam, elas não são deuses pra mim, não são minha filosofia de vida, elas são apenas coisas que me incomodam. Estou farto de lutar contra as pessoas, já decidi por me abster de confrontá-las, mas até quando eu vou perder? Não quero que meus amados amigos se percam. Vou sentir a falta de cada pessoa que se foi ou que está indo. Pense com o cérebro (ou o que restou dele), realmente isso te faz ser melhor, te engrandece? É isso que quer fazer nos próximos anos de sua vida? Só porque é legal, porque relaxa? É pra isso que está aqui, pra viver cada momento de sua vida como um perfeito idiota? Você, e vocês não estão sendo uns caras descolados, estão fazendo papel de trouxas, de otários. Assumem as drogas como seu princípio de vida, falam sobre isso achando graça, falam de como se sentem quando usam e se regozijam de sua extrema imbecilidade. Criticam a sociedade, a Igreja, a religião, e tudo mais que o mundo acha certo, mas e daí? Pra começarem a seguir uns aos outros como verdadeiros devotos de suas insanidades. Crêem nas santas drogas, nas santas viagens e nas santas burradas que cometem todos os dias. Que palhaçada é essa de se achar mais liberto ou mais esperto do que os outros? Vocês são mais escravos desta merda do que um fanático religioso. Precisam mais disso do que uma beata precisa do perdão de Deus. Suas drogas são o seu deus. Defendem isso fervorosamente e lutam por seus ideais falidos. Pregam a liberdade da mente, sendo que o que acontece é exatamente o oposto. Vocês não têm mente, não pensam, são programados a se reabastecerem pra continuarem pensando. Precisam desta merda como os comuns precisam de água. Ironia é saber que sem água vivemos até sete dias.

Sabe, meu caro, pensei em parar de te ensinar, de parar de conviver ao seu lado e de falar com você (e outros que estão nessa com você). Este foi meu primeiro pensamento. Queria estar longe de toda a decepção causada. Não queria mais me magoar com coisas assim. Sempre lutei contra essas coisas e você sabe porque escondeu isso de mim por tanto tempo. Sabia de minha desaprovação. Seus argumentos não são válidos, suas justificativas são todas falsas. Condenei-te no primeiro instante. Queria ficar o mais afastado possível. Mas depois que me acalmei, pensei: pode ser que um dia você queira a minha ajuda e eu posso estar longe demais pra poder te ajudar. Não quero te fazer parar, não quero pregar nada a você. Não vou te dar nenhum sermão (não mais do que este escrito), nada farei. Suas causas, suas conseqüências. Você tem que seguir seu próprio caminho. Não posso escolher por você. Não tem nada que eu queira mais do que te ver longe disso, e espero que quando perceber o que está fazendo consigo, não seja tarde demais. Quero muito continuar puto com isso, mas vou deixar pra lá, como se nada tivesse acontecido. Quero continuar sendo o seu mestre e espero que eu seja realmente um mestre pra você, alguém que conseguiu te guiar nos caminhos tortuosos da vida. Alguém que possa ser um exemplo, não um mau exemplo, algo consistente e verdadeiro. Alguém que esteja lá pra te apoiar, mesmo nas piores horas. E se escrevo todas estas linhas com lágrimas nos olhos é porque amo você como a um filho e não desejo que isso atrapalhe seus passos. Que perceba que nada disso te faz ser melhor, escrever melhor, compor melhor ou tocar melhor. O que te faz ser melhor sempre esteve dentro de você e é o seu coração. Esta é a única coisa que precisa pra poder seguir adiante. O amor de todos a sua volta você já tem. Onde está o seu amor próprio, jovem poeta?

De quem se importa muito com você, seu amigo: Pedro Henrique Diogo Delavia.