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sábado, 30 de outubro de 2010

Frases...

1 - Segredo da vida: pratique infinitamente até seu último suspiro.

2 - Te espero...

mais rápido do que o alvorecer do dia e mais lento do que o cair da noite.

3 - Possibilidades:

A impossibilidade está na anulação proporcionada por sua mente...


...dedicado à musa

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Antônimo

Num momento eu estava de volta àqueles meses felizes de minha vida. Nada de concreto aconteceu naquele dia. Não nos beijamos, não nos amamos e não voltamos a ser como éramos. Ela não era de novo minha e eu não era de novo dela. Não pertencíamos um ao outro, não éramos um. Mas lembro-lhe, nada aconteceu naquele dia, absolutamente nada. Mas foi o suficiente para que eu me inspirasse em seus lábios, em sua linda pele peneirada de lindos salpicos, mais conhecidos como sardas. Seus olhos aprofundaram as minhas lembranças. Transportaram-me para muitos e muitos anos atrás. Não era mais eu quem estava alí. Não quem eu sou hoje. Não! Ficou quem eu um dia fui.

Meu coração sobressaiu a qualquer som audível naquele instante. Era como vê-la no auge de sua inocência. Incorporei o espírito que gritava exaltado e extasiado pelo reencontro. Foi como um dia havia sido. Em princípio, nada era como antes, afinal, não o era de fato. Saudoso de viver uma grande alegria, minha mente foi se incinerando de recordações. Cada palavra, cada mínimo gesto. Todos movimentos refinados, estranhos. Mas em mim havia a certeza: era ela. Aquela que, um dia, eu beijei em uma primeira vez. Aquela que eu, um dia, senti gradualmente e aceleradamente aumentar o meu desejo. Aquela que viveu um amor ao meu lado. Comigo. Para com minha pessoa. Meus sentimentos vibravam. Tudo isso num silêncio espalhafatoso. Quantos foram os anos que eu não a via? Pareciam décadas e mais décadas. Cada célula minha vibrava em silencio. Como eu queria rodá-la, como em um filme meloso de amor. Como eu desejava tomá-la em meus braços e sentir-lhe um abraço verdadeiro. Mas, como disse, nada ocorreu. Absolutamente nada. Contrário a tudo o que eu desejava. Contrário a tudo o que de fato deveria acontecer. O antônimo de minha alegria. Quem era eu? Quem era ela? Um filme antigo... sortilégios de meus cálidos e entorpecidos dias de adolescente. Minha mente golpeou-me: como eu amava aquela mulher. Não alí. Não agora! Mas como eu havia amado aquela mulher. Um dia, garota. Um dia, ninfa. Agora: uma linda e adorável mulher.

Busquei e rebusquei o por quê daquele sentimento. Não obtive resultado de lugar algum. Só minhas recordações falavam por mim. Essas, inclusive, eram o assunto em questão. Uma prolongada recordação. Não eram somente palavras, eram sentimentos. E eles não sussurravam brandamente em minha mente. Eles berravam a plenos pulmões. Sentia meus batimentos acelerarem e descompassarem. Um sorriso era o bastante para emudecer minha lógica e minha razão. Não as ouvia. Suas vozes ecoavam ao longe. Não ouvia. Era um lamurio qualquer, afinal, pouco me importava. Ela estava alí, diante de mim. Presente, tangível. E poucas foram as vezes que eu a toquei. Pouco foi o nosso contato.

Nosso olhar se cruzava vez ou outra. Vez ou outra via o seu sorriso. Podia acompanhar em câmera lenta o abrir e o fechar de seus lábios. Ela dizia: “você se apaixona fácil”. Meu coração berrava: “Nós não te esquecemos”. Aquele embate, durou muito tempo. Mais do que eu podia prever e menos do que eu gostaria. Estava ansioso e saudoso de minha vida passada. Uma recordação, uma lembrança. Nunca poderei afirmar ao certo. Quem poderia dizer que, um dia, estaríamos alí, um diante do outro? Olhos nos olhos. Meus pensamentos giravam numa velocidade exorbitante. Não me concentrava em nada. Uma lembrança trazia outra, e essa por sua vez, mais uma. Sua voz me lembrava tudo e tudo me lembrava ela. Meu coração implorava: “faça uma música pra ela! Pinte um quadro! Traga para ela a lua! Faça alguma coisa! Amamos ela, lembra?!” Meu coração cobrava feroz. Melodias assombravam o meu passado. E ela sempre alí, ao meu alcance. Perto o suficiente pra me fazer querer. Perto o suficiente para me fazer temer. Temer o que podia ou não ser. Como eu, um reles mortal, podia prever um futuro sem aquela mulher? Mesmo já estando vivendo o presente sem sua companhia. Mas, como podia eu querer o que nunca tive? Ou que um dia tive e não mais possuía? “Alguém me ajude!” gritei aflito em meu íntimo.

Nos pusemos a caminhar pelo curto caminho. O fim estava próximo. Todo meu corpo rastejava, desejoso de adiar o fim inevitável. Meu espírito rasgava-me a carne, queria sair para dominar o meu eu. Passo a passo, com a alma latejante, levei-a até o seu destino. Enrolei mais uns poucos minutos querendo vê-la por mais um tempo que fosse. Tudo era válido. Cada segundo valia. Cada fração do arrastar do tempo era válida para desfrutar de sua doce companhia. Os deuses comemoravam meus regozijos de alegria e de tristeza. Cada minúcia de meu ser lutava contraditoriamente por ela. Eu era um aglomerado de nada. Um amontoado de carne e ossos. Não possuía estrutura para pensar, agir, domar-me. Estava jogado e largado à sorte.

E, se em algum dia, eu fui feliz, havia sido ao seu lado a tal experiência. Lembro-me, como agora escrevo, do ínfimo detalhe: amarrar seu cadarço, foi como cuidar da garotinha que, um dia, eu amei. Fechar aquele laço foi como selar o dia perfeito que não voltaria. Era a hora do adeus e tudo que praguejava desabar, desabou. Desmoronou-se o desejo. Desbarrancou-me a carne que já estava mole e apodrecida. Via meu coração escorrer pelos poros. Com ele, o meu amor por ela. Abracei-a por fim. Nada cinematográfico. Não foi por mim que aquilo não durou até agora. Curto e desprendido de sentimentos.

Gélido são os meus pensamentos por ela. Conversamos novamente, naquele mesmo dia, à noite. Todos os segredos foram revelados. Nada de véus. O jogo estava aberto. O meu. O dela permanecia oculto. Encoberto por seus eternos encantos. Nenhuma promessa, nenhuma esperança. Onde estará ela agora, quando meu coração ainda grita o seu nome? Do “A” do antônimo de meus prazeres, restou apenas o seu nome. Apenas as minhas saudades... apenas as minhas loucuras incuráveis de paixão. Estaria certa quanto a amar subitamente? O fato era: nunca havia deixado de amá-la!

sábado, 23 de outubro de 2010

É porque chegou ao fim...

Um dia como outro qualquer, exceto...

Nada mais importava, certo? Errado, tudo sempre importa. Se tudo está ruim é porque ainda não chegou no final, concorda? Não, era o fim. O fim de tudo. Ao menos pra mim. Não valia a pena continuar. Não continuei. Não arrisquei tudo mais, não tinha mais o quê ser arriscado. Abaixei minha cabeça e lamentei. Comecei lamentando o primeiro minuto e depois o minuto seguinte. Quando percebi, já havia lamentado a minha vida inteira. Fiquei estarrecido. Logo eu, que valorizava cada dia vivido. Continuei cabisbaixo e entristecido. Calado. Minha boca estava em silêncio, mas minha mente estava vibrante. Meus olhos corriam de um canto do chão para o outro. Nada me satisfaria naquele instante. Nada. Foi assim que eu deixei de querer. Foi assim que eu cheguei no meu fim. Nada de amores. Nada de paixões. Nada de nada. Só a introspecção e o a reflexão. Até isso me frustraria, eu sabia. Mas melhor isso do que os humanos. Do que a possibilidade de gostar. Assim, calei minha vida. Meus dias eram frios e insensíveis. Meus olhos só viam a solidão. Mesmo em meio a multidões. Nada de nada, sempre...

O que era um sorriso quando, o que mais me importava, era o quanto eu não sorria? Pois então eu fui. Fui e continuei indo. Indo para o lugar que sempre pertenci: lugar nenhum. Quando eu cheguei lá, notei que não havia se passado nem um segundo. Toda a minha jornada tinha sido imediata. Notei que já havia também tocado o inferno. O inferno não é tão quente quanto dizem. Na verdade ele é frio demais. Só que ele não contava com uma coisa: meu coração era mais frio do que ele. Nada era o suficiente pra me amedrontar, nem mesmo o inferno. Olhei para dentro dos olhos do próprio demônio e o encarei. Sentia sua fúria. Ele sentia o meu desprezo. Quando menos esperou, meu ódio o superava em existência. Era um medíocre ser vazio, como eu, mas mais fraco. Nem me dei ao trabalho de chacoteá-lo.

Fodam-se demônios e tristezas. O fim dos dias já havia começado. Não havia nada de nada em lugar nenhum. Cabeça abaixada, olhos ao chão. Nada de nada. Vazio. Cheio de coisa nenhuma... novamente... esse era o início do fim de meus dias. E se tudo estava assim era porque eu já havia chegado no fim. O meu fim... aquele de onde nunca havia saído. O fim... o fim... o fim...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Vá...

Não, você não mereceu o meu carinho
Não, você não mereceu o meu amor
Talvez então mereça ficar sozinha
E entender o que é a dor

Nada do que está passando agora
Foi algo que eu não tenha passado
Cada gesto e cada tristeza sua
Nada mais é do que algo que tenha plantado

Dado o dia e a noite
Viver com você não foi muito
Foi o bastante pra sentir
Foi bom para estar junto

Nada agora quero compartilhar
Nem um segundo quero desperdiçar
Com quem não quis uma vida para amar
Viver é entregar, é deixar estar

Chega, então! Basta!
Pise em quem quiser
Mas saiba: vai viver
Para ver que você se importou
E que perdeu porque não conservou
Não conheceu o amor
Nem vai conhecer
Pois ele também vai esquecer de você
Assim como um dia me magoou.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A história do homem comum

Olhava de um lado para o outro. Estava confuso, chateado. O lugar estava uma espelunca. Nada me agradava mais naquele lugar. Nos cantos, perto das paredes, dava pra ver a camada de poeira. Nos cantos da parede, perto do teto, muito mofo e bolor. Eu estava alí, escorado num daqueles cantos. Olhava agora as minhas próprias mãos. Não estavam velhas, ainda, mas estavam cansadas. Olhei firme para as minhas mãos. Lembrei-me das coisas que elas haviam tocado, das cordas e das curvas por onde elas haviam deslizado, das purezas e impurezas que já elas já tinham praticado. Abaixei-as até o chão sujo. Voltei meus olhos para as estantes de livros. Todos empoeirados. Cada livro... cada estória vivida ali... sentia falta dessa companhia. Onde estaria a minha vontade? Não lembrava de tê-la visto sair...

Continuei sentado alí no chão, escorado no mofo da parede. Minhas roupas também estavam empoeiradas, amarrotadas e sujas. Nada era tão perfeito. Nada daquilo é o que eu queria. Como disse, depois que ela saiu, não tive mais interesse por nada. Minha mão esquerda roçou a barba mal feita. Estava maior do que eu imaginava. Passei a mesma mão pelos cabelos desgrenhados e embolados. Muito compridos e sujos. Sorri com deboche. Não me importava mesmo...

Levantei-me irritado. Estava cansado de ser aquilo. Percebi que me importava sim. Queria voltar a ser feliz. Mas onde estaria a felicidade? Lembrei-me então onde estava. Estava com ela... foi com ela que se foi embora toda a minha alegria. Meus olhos se umedeceram mais rápido do que eu pude atinar. Antes que pudesse me defender, lágrimas escorreram-me pelo rosto. Senti-me com raiva. Espremi o punho com força. Mirei um soco mas me contive. Perguntei-me o por quê disso e não obtive resposta.

Gostava dela. Sim, isso era óbvio. Sabia que ela gostava de mim também... sim, sabia que sim. Pensei então em falar com ela. Lembrei que não me era possível. Não. Era ela, praticamente inacessível. Podia escrever-lhe. Podia ver-lhe... a primeira parecia mais viável, mas a segunda mais tentadora. Pensei em me lavar e correr para seus braços, mesmo sabendo que levaria dias pra conseguir isso. Parei logo no primeiro passo. Olhei a minha volta e encontrei o que procurava. Um pedaço de papel amassado. Do lado uma caneta. Peguei ambos e caí sentado no chão. Sobre o peso de minhas frustrações. Voltei ao pranto e perguntei-me: “era essa a inspiração que desejava?”

Não tinha sido isso que eu havia planejado. Quando a conheci, queria-lhe por completo. Agora, das poucas lascas que possuo de sua vida, resta-me apenas a maldita inspiração. Apeguei-me ao nada que tinha, ao pouco do tudo que podia ter e, arrasado, conformei-me. Enxuguei novamente as lágrimas dos olhos e postei-me a escrever. Letra a letra fui constituindo minha primeira frase: “esquálido dos dias fúteis de minha vida...”

Passei horas debruçado sobre o papel, até esgotá-lo. Um papel depois do outro. Fui preenchendo-os com tinta. Naquele dia não dormi. Nem no seguinte, e nem no outro. Queria que por que queria acabar com isso antes que me machucasse mais. Escrevi com meu coração. Usei todo o meu sentimento para compor cada palavra e, por fim, escrevi a última das frases, do que seria a epopéia do homem comum: “...e assim, ainda não pude dizer o que sempre almejei dizer, olhando-te nos olhos; que eu amo você nessa e em outras vidas”. Depois disso, morri feliz com meus pensamentos... sabia que a veria novamente.

sábado, 16 de outubro de 2010

Texto número 100

Esse texto é o de número cem, deveria me empenhar em escrever algo magnânimo, algo que sobrepusesse as minhas expectativas, mas não. Eu ando com muita vontade de escrever, mas não ando conseguindo manter o controle disso. Já faz algum tempo que eu não posto nada e mesmo assim, o povo continua me visitando. Eu fico feliz por ter gente que ainda quer me ler, mas fico triste por não poder escrever coisas novas para todos. Na verdade eu quero muito escrever coisas novas o tempo todo. Inclusive tem muito texto incompleto aqui no meu PC. O que me mantêm um pouco afastado de todas as responsabilidades (além de ser irresponsável) é uma grande gama de fatores. Bom, deixem-me citar alguns: doença (não é terminal, fiquem tranqüilos... ou triste, depende de quem lê), confusões sentimentais (não só da minha parte, tem muita gente que anda me lendo pra achar chifre em cabeça de cavalo)

PAUSA: para estes, digo: ou, cuida da sua vida. O blog é publico, eu posso xingar e ser xingado, mas não enche o meu saco... ah, e se encher, aceitem o meu direito de infernizar quem o fizer.

Continuando... trabalhos (os que faculdade me dá, e os que eu arrumo), as aulas que eu dou (voltei a pegar gosto em ensinar, só tenho alunos interessados... ou ‘semi-interessados’ rs), mamãe e papai (que estão em visita ‘semipermanentemente’ aqui em casa... daqui um tempo, acho que eu vou ter que sair de casa!!! rs), raiva (esse eu acho que não precisa ser explicado, vide postagens anteriores), “ex-anonima” falando bobagem e me aporrinhando (não me decepcione, hein?! Quero ver suas reclamações e críticas aqui em baixo!!!), as eleições (isso não me incomoda, exceto o dia exato. Disse só pra aumentar os fatores! rs), os filhos cães e gatos (aquele eterna latição que eu jurava, um dia, iria se transformar em sinfonia), e etc. (pra não ficar longo o texto e eu, estafado)

Bom, tá meio ruim o texto que marcará a centésima postagem, mas acho que melhor do que isso não fica. Dormi muito pouco de ontem pra hoje e estou quase desmaiando. O importante é que meu objetivo foi cumprido. Escrever cem textos pode não significar muito... nãããoooo, significa sim! (ao menos pra mim) Termino agradecendo quem sempre me leu, e quem de vez em quando me lê. Quem posta comentários (inclusive os me xingando) e quem também ama escrever, assim como eu. Agradeço também as pessoas e situações que sempre me inspiraram. E principalmente: você! (olha, só quem for “você” vai ficar sabendo quem é. Então, não procurem o que não existe! E queime no inferno se achou ruim) E... pronto. Acabei! Ah, a homenagem é pra mim mesmo...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ocupando o meu lugar... (Uma História de amor)

Este é o conto vazio, que logo em breve estará preenchido. Fica aqui o seu espaço, para dar vida àquele abraço que um dia virá. Assente-se vazio, em meio ao seu brio e tome conta do lugar que eu vou ocupar.

eis aqui o que era:


Suspeitei que não seria amado quando ela me disse aquelas palavras: “não sei se quero namorar...” e fechou com chave de ouro: “quero ficar um tempo sozinha...” Sim, foi isso que eu ouvi. Não fora a primeira vez e provavelmente não seria a última. Alguma coisa eu tinha que aprender com aquilo. Ficar passando por coisas assim e não aprender nada era muita burrice. Fiquei pensando nas possibilidades enquanto ela ainda estava comigo. Segurei a sua mão e não pretendia soltar, provavelmente seria a última vez que a sentiria. Fiquei calado, tocando-a de leve nos nós dos dedos, sentindo a sua pele macia. Meus movimentos estavam alí, mas minha mente não. Viajava longe, tão longe quanto minha imaginação permitia-me. Imaginava-nos separados, o fim de meus sonhos com ela. Aquilo me entristeceu muito. Pensei em outra coisa imediatamente para poder me livrar de algumas lágrimas. Minha mente, em seguida, pensou em como eu me isolaria do mundo, como me fecharia e não mais me permitiria gostar de alguém e... há! Quem eu estava querendo enganar? Isso era ridículo, eu já havia pensado nessa suposição por mais de uma vez e, em nenhum das ocasiões, conseguira me manter firme na decisão. Foi exatamente assim que aconteceu com ela. Estava firme em minha posição de curtir a vida, já havia alguns meses, mais de meio ano, daí eu a conheci. Nada então indicava o meu triste fim, não imaginei que sentiria algo por ela. Pensava que já estava curado desse mal. É, pensava... conjuguei corretamente o verbo. O que eu consigo me lembrar, foi que à primeira vista, eu a achava muito bonita. Adorava os seus olhos tímidos e sua boca pequena e desenhada. Sua pele macia e suave me encantava. E alí, naquele exato segundo que segurava a sua mão, desejei, pedindo a Deus, que Ele não a tomasse de mim. Queria muito sentir sua pele por muitos anos. Foi nisso que eu pensei. Foi isso que me apertou mais ainda o coração. Esse aperto me fez instintivamente abraçá-la e ficar ali, cheirando o cheiro doce de seu pescoço. Minha mente voltou para o passado, quando conversamos a sério pela primeira vez. Não a via, não a sentia, apenas prestava atenção em suas palavras. Ouvia atentamente o que me dizia, e um fogo foi surgindo dentro de mim. Esperança! Essa era a palavra que me vinha à cabeça. Naquele instante, nada sobre sofrimento e dor me chegavam à mente. Nenhum aviso, nenhum alarme. Estava tudo muito lindo, muito mágico. Quando dizemos algumas palavras, de fato, não pensamos em suas consequências, afinal, quando são ditas ou escritas, naquele instante, elas só representam aquilo pra nós: palavras. Depois de jogadas ao vento é que percebemos que elas podem voltar e nos atingir bem nos olhos e impedir-nos de ver outras possibilidades. Foi assim que aconteceu comigo. Eu estava tão bem, gostava tanto do que ela me representava que não podia enxergar o que estava por vir, outras escolhas. Assim fiquei, ouvindo o que ela tinha a me dizer. E eu também disse muitas coisas naquele dia. Uma coisa que ela me disse e que não pude esquecer, mesmo naquele momento fatídico, foi que ela sentia orgulho de mim. Ela me falava de coisas que gostava em mim que, ninguém até então, havia percebido ou dito algo a respeito. É, admito, fui seduzido. Mas não entendam como uma reclamação, não!, longe disso, aquilo era basicamente algo que eu havia pedido há muito tempo atrás. Isso! Foi isso que me fez sentir diferente. Parei de pensar em passado e futuro e fiquei ali, abraçado a ela. Cara! Como eu adorava aquele abraço. Naquele exato momento, percebi que, por mais que eu não a visse de novo, uma parte de mim ia sempre ficar com ela. Eu não havia deixado e ela nem sequer havia me pedido licença... ela foi chegando, assim de repente, e foi pegando parte do meu coração. Isso não me chateou, não! Gostava dela por demais. Sem causa e sem razão. Curtia aquela garota, isso era um fato. Ela já se levantava pra ir embora e foi quando eu percebi a minha desvantagem. Segurei firme em sua mão, levantei-me junto com ela, e sem que ela me deixasse ou permitisse, tomei-lhe o maior e melhor beijo que podia conseguir de sua boca. Nossos lábios ficaram grudados por alguns minutos em confissões silenciosas. Sabia que no fundo, ela também gostava de mim. Não havia muito o que fazer. Terminamos o beijo e deixei-a partir. Antes que me fugisse de vista disse em voz alta: “Obrigado!” Ela olhou para trás imediatamente e depois, sorrindo, voltou-se pra seu destino e partiu. Meu obrigado não havia sido apenas pelos momentos magníficos que ela havia me proporcionado, meu obrigado era também pelo maior bem que ela podia ter me deixado: os verdadeiros sentimentos para eu compor uma bela história de amor. Compreendi então o que devia tirar de bom daquilo tudo. Percebi também que não haveria um fim. Somente novos começos. E assim, termino o começo da minha bela história de amor... adeus, minha musa inspiradora... somente por enquanto...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O ser de ódio

Poderia dizer que o ódio está me consumindo, mas na verdade o ódio já me consumiu. Como é a vida de um ser consumido pelo ódio? Simples, você nega qualquer hipótese de contato com qualquer pessoa que possa te fazer mudar de ideia e em seguida, depois de isolado, você passa a cultivar o rancor e coisas similares. Eu, pessoalmente gosto de descontar minha angústia fisicamente. Agora mesmo, enquanto escrevo esse texto, fico exercitando até o limite do esgotamento. Só pauso para escrever uma frase e continuo. Geralmente, o que funciona muito é o famoso: soco de descarrego. É assim: você mira coisas sólidas e pow!, soca aquilo. Eu, particularmente prefiro postes e paredes, já que acho covardia e maldade socar árvores. Normalmente, um ou dois socos já bastam... da faculdade até aqui eu passei do limite da contagem. Não sei quantos eu dei, sei que foi mais do que minha mão, agora toda arroxeada, suportava. A segunda coisa a se fazer é correr. Hoje eu fiz uma mescla das duas. Saí correndo da facul e socando os postes do caminho. Exemplo de energia, não?! Foda-se, pouco me importa algo como uma opinião, hoje. Fui de ônibus até o centro e de lá andei correndo até aqui em casa. Pernas esgotadas, agora serão os braços.

Outra dica: evite falar com pessoas, de preferência, não vá a lugares públicos. Infelizmente tenho que trabalhar, mas cogitei muito a opção. Depois é só continuar em silêncio e torcer para que os sentimentos que te levaram a isso saiam pra sempre da sua vida. Preferi desligar o cel, já que não quero me arriscar a fraquejar. Quase o quebrei, mas isso me tornaria mais arrependido do que nervoso. Não falo com ninguém até o limite de meu ódio. Em compensação, eu produzo. Fisicamente é muito bom, vamos ver intelectualmente. Bom, agora uma outra coisa importante, é não terem notícias de você, isso quer dizer que eu não farei nada na net até o fim da próxima semana ao menos. Exceto e talvez, postar algum texto aqui no blog.

Bom, isso tá parecendo mais uma carta de despedida do que um desabafo. Então, só vou completar com algumas palavras: se um dia eu tentei ser quem eu gostaria de ser, esse dia, morreu junto com o descaso. Hoje, e a partir de agora, sou somente o que quero ser contra meus princípios: serei aquele que não olha mais para trás. Adeus sentimentos, não para sempre, mas por muito tempo...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Até agora sem entender o por quê

Que opção temos além de sofrer? Esta foi a minha descoberta hoje, quanto tentei ter sentimentos e ser alguém que também sofre. E puxa vida, como sofri! Não, não tem graça. É por isso que eu volto a minha realidade imediatamente: a de não sofredor. Que se danem os sentimentos. Eu não os quero. Não sou alvo deles e não aceito que ninguém os tenha perto de mim. Era mais prático não sentir. Não tenho que ouvir os sentimentos de mais ninguém. Vou explicar por que: todos podem sentir, todos podem divulgar a dor, até aí tudo bem. Agora, quando exteriorizo um mínimo de meus sentimentos, sinto-me massacrado. Sim, exatamente isso: massacrado. Expor algo que está em você não ajuda em absolutamente nada. Sentimento é sinal de fraqueza. Só os fracos usam os sentimentos para se dar bem sobre outras pessoas. Só os tolos querem ser fracos. Antes, eu entendia os sentimentos das pessoas, tentava ajudar, mas não é isso que elas querem. Aquelas pessoas angustiadas com a vida, usam os sentimentos para se apropriar dos sentimentos de outras pessoas. Elas sugam sua vida, deixam você inseguro, triste e vítima de suas abominações. Não, não vale a pena viver assim. Eu escolhi e pretendo nunca mais voltar a tentar. Não vou mais ser um cara com sentimentos. Não frio e calculista, bem, às vezes vou ser sim. O fato é: nada de sentimentos, nada de compaixões. Não quero ouvir falar de quem esteja sentindo algo ou passando por alguma dificuldade. Não é a minha praia. Eu já ouvi o suficiente. O máximo que posso fazer por você será aproveitar-me de suas fraquezas . Não estou disposto a deixar que ninguém mais me invada os sentimentos... pois não os terei. Nada de piedade e nem de clemência.

Pra mim já deu! E pensar que tudo isso porque o sentimento de medo é o mais desastroso de todas as nossas vidas. Quando você escolheu sentir medo e não seguir à diante, automaticamente escolheu o sofrimento. Mandaram-me arriscar sentir mais. Bela merda. Se escrevo hoje, enfurecido, amanhã respirarei aliviado, dedicando os meus dias e minha horas a apagar os sentimentos que, um dia, não deviam ter saído de mim. Prometo a mim mesmo viver sem me importar com o maldito amanhã. Nada vale a merda do sofrimento, nem mesmo a felicidade de ter tentado....

Abomino-me por ter sido tão tolo... e agora, só me pergunto por que fui tentar, depois de tanto erradicar isso da minha vida. Ainda tenho que pensar sobre os ensinamentos dessa experiência. No momento eu só percebo o quanto eu fui enganado por mim mesmo. Idiota que sou...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Forasteiro

Catastroficamente arguiu ele ao estranho, buscando uma simples resposta. Ficou chocado quando parou de sentir seu coração. Nada mais depois disso conseguiu sentir. Caiu estatelado no chão e alí ficou, imóvel. Não, não tinha nada a ver com isso. Ao menos foi o que pensou uma fração de segundos antes de ser assassinado. Na verdade tinha a intenção de provocar uma briga. Acabou por conseguir. Não imaginava que perguntar ao estranho de onde ele era provocaria esse tipo de coisa. Acabou no que acabou. Ficou alí, extinguido.

Seus comparsas custaram a perceber o que tinha acontecido. Não estavam entendendo a cena. Primeiro, mandaram o mais fraco deles provocar o homem e viram quando este ia indo em direção ao forasteiro. Viraram-se para o bar e quando ouviram um barulho, já era tarde, John havia tombado. Ficaram sem entender, buscando respostas. Olhavam de um lado para o outro, de uma cara para outra e entre eles mesmos. Nada, todos estavam espantados. Todos com a mesma cara. Na confusão toda, Marcus – o líder da corja – procurou vestígios do alvo. Encontrou-o sentado na mesma mesa que estava antes, a uns cinco passos de John. Rosnou bravio e foi em direção ao parceiro caído. Seus homens o seguiram. Todos os sete restantes. Um deles se abaixou para o homem caído e examinou-o: “está morto, chefe!” disse olhando assustado. Marcus cuspiu forte no chão e gritou:

— Quem derrubou este homem? O que aconteceu com ele?

Nada, nenhuma resposta. Marcus era um bandido manjado na região, traficava armas e outras coisas mais sem se preocupar com inimigos. Todos o temiam. Gostava das coisas como elas eram. Aquilo o desagradava e todos alí no bar sabiam disso. Quem achasse ruim com ele, acabava desaparecido. Mesmo quem não achava nada, mas tinha a cara que Marcus não gostava, desaparecia. Por isso, nada de respostas.

— Digam alguma coisa! – berrou novamente – ou verão o que eu sou capaz de fazer. Andem!!! – gritou colérico.

Um homem baixo se aproximou tremendo perto da gang, sem ousar olhar-lhes diretamente. Seus olhos fixos no chão. Começou a gaguejar uma resposta:

— A-acho q-que que f-fo-foi aque-quele ho-homem... – e apontou para o forasteiro.

Marcus não precisava de mais motivos e nem de mais explicações. Arrancou o homem que tremia assustado de sua frente num único puxão e caminhou pesado para o estranho. O homem estava sentado e tomava calmamente alguma coisa numa caneca, segurando-a com as duas mãos.

— Foi você quem fez isso? – perguntou com a voz engasgada de ódio. No calor da situação, nem sequer lembrou de que esse era exatamente isso que John deveria fazer: incitar uma peleja. E seu capanga havia realizado com louvor sua tarefa. Não como haviam planejado, mas aquilo bastava.

O homem permaneceu imóvel. Apenas se moveu para bebericar sua bebida. Aquilo enfureceu ainda mais o líder dos bandidos. Marcus sacou sua arma e encostou o cano na cabeça do indivíduo que lhe incomodava. O estranho permaneceu imóvel após terminar de pousar a caneca sobre a mesa. Os dois ficaram ali parados. O momento se intensificou com as risadas fortes de seus empregados. Eles estavam todos ali, em torno dos dois rivais. Marcus sem pensar em mais nada, além de querer ver os miolos do forasteiro voar sobre a mesa, engatilhou a arma. Nesse átimo, sem que qualquer um que estivesse ali pudesse ter percebido alguma coisa, Marcus tombou inconsciente para trás. Alguns ainda riam quando o corpulento chefe encontrou o chão. O baque foi surdo. A cabeça do homem quicou duas vezes antes de ficar inerte. Dois homens abaixaram-se em socorro do patrão. Os outros sacaram suas armas desesperadamente sem saber pra onde olhar e pra onde apontar. Ficaram todos atônitos. O que representava aquilo? Em quem deveriam atirar? O forasteiro, por fim, virou-se calmamente em direção a corja, levantando-se muito vagarosamente. As armas foram engatilhadas e apontadas para o homem.

— Sabem onde eu vi coisas tão assustadas como essas caras que eu vejo aqui hoje? – disse o homem numa voz rouca e grave.

Alguns dos homens tremiam. Alguns clientes, que não faziam parte daquilo, saiam sorrateiramente. Uns mais curiosos ficaram, os mais covardes saíram antes mesmo de Marcus sacar sua arma. Os dois homens que estavam em socorro do líder, percebendo a movimentação, puseram-se em prontidão para o próximo conflito. Levantaram-se tão assustados quanto os demais que já estavam alí em poder de suas armas. O caos estava formado.

— Ouçam, vocês podem até gostar dessa minha história – continuou o forasteiro sem se incomodar com os sete homens armados à sua volta – de onde eu venho, tem muita gente que cria... hum... vamos chamar de pássaros. E, de repente, um dia, sem mais nem menos, os pássaros começaram a desaparecer. Ninguém conseguia entender o que acontecia com os bichinhos. Mas o mais importante é; sabem o que o pessoal de lá fez? – ele esperou um tempo e o silêncio era total. Por fim, ele mesmo respondeu – Nada! Estavam todos muito assustados com aquilo e ninguém tinha coragem o suficiente para resolver a questão.

Os capangas não entendiam coisa nenhuma, a atenção dos homens não estava na estória mas sim na situação. O homem era alto como todos alí, mas tinha uma cara que nunca, nenhum daqueles meliantes, havia visto na vida. Os cabelos do homem eram estranhos como todo o resto, tinham uma cor diferente, assim como seus olhos. Sua pele era queimada de sol, mas não bronzeada ou avermelhada, como as peles comuns. Tinha um tom cinza que não condizia com o que era conhecido. Suas roupas também eram estranhas. Seu jeito de falar também era estranho. Tudo que aquele forasteiro possuía era sua estranheza, não portava nenhuma arma aparente. Mas só aquilo era o suficiente para deixar homens maus com medo.

— Um dia, um ferreiro da região pensou: “vou trazer o mago!” – continuou então o homem em sua estória sem se importar com o que podia lhe acontecer – mago, para vocês que não conhecem, é o nome que damos para um sujeito especial que sabe lidar com tipos especiais de problemas. Bom, o ferreiro, que era um sujeito sensato, arrecadou uma quantia de cada um da cidade para poder contratar o tal mago – o forasteiro ia narrando e os bandidos ficando cada vez mais confusos. Suas palavras assombravam aqueles homens. O clima ia se intensificando e esquentando e, satisfeito de seu intento, o estranho prosseguiu – O ferreiro foi até o lugar onde sabia que encontraria o mago e antes de lhe falar o que queria, ofereceu-lhe, de mãos estendidas, uma sacola cheia de uma fortuna. O mago, sabendo do que se tratava, mandou deixar a sacola no chão e se retirar. O ferreiro estava assustado e tentou explicar o por quê do pagamento, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o mago disse: “saia imediatamente daqui! Já sei o que quer e irei resolver o problema de vocês hoje à meia noite!”

Nisso, um homem que estava à direita do estranho, apontou sua arma desesperadamente para o alvo. Estava aflito e nem percebeu o que estava fazendo, mas antes que pudesse disparar, caiu duro feito rocha. Os outros só puderam ver o companheiro desfalecido no chão. Todos ficaram agitados, nervosos, mas nenhum teve a coragem de tentar algo. Aquele homem dominava o caos, como se fosse ele o próprio!

— Bom, antes que eu seja interrompido novamente, vou concluir a minha história – disse o homem sem se importar com o pavor imediato – Naquele mesmo dia, exatamente à meia noite, as pessoas já todas recolhidas em suas casas – seguindo recomendações do ferreiro – começaram a ouvir sons surdos de coisas caindo, como um grande saco de batatas caindo ao chão. Ninguém se atreveu a olhar o que tinha acontecido. O fato é que, quando saíram de suas casas, pela manhã, havia muitos, mas muitos... hum... vou chamar de predadores. Havia muitos predadores mortos por todas as ruas da cidade. Os moradores ficaram muito satisfeitos com a eliminação daquele problema que nunca mais chegaram a ter novamente. Nunca porém, puderam agradecer o mago, porque este, havia ido embora, para resolver um problema de... hum... vou chamar de praga, numa outra cidade. Essa praga estava crescendo demais e estava assustando todos naquele lugar. Quem contratou o tal mago, foi um dono de um bar, onde essa praga toda ia se embebedar e judiar de estranhos e conhecidos. A cidade estava cansada de ser importunada e incomodada com aquele monte de tralha que não tinha o que fazer. Bom, o mago, como excelente trabalhador e “resolvedor” de problemas que ele é, foi até a tal cidade, se sentou no tal bar para tomar um chá e ficou esperando a praga aparecer. E sabem o que ele fez com a tal praga? – ninguém se atrevia a responder, estavam todos apavorados. Ele levantou a mão pausadamente, como a seguir um ritmo cadenciado, de ângulo em ângulo ele levantou a mão até que essa apontou uma coisa na parede. Sua mão se levantara como a seguir o ritmo do pêndulo do relógio de parede, que era o que ele apontava naquele instante. Um dos homens, o único que se atreveu a olhar o que o forasteiro apontava, pode ver no seu último segundo de vida, o relógio da parede a marcar exatamente meia noite.

Ao soar a primeira badalada do relógio, nove corpos jaziam aos pés do forasteiro...

domingo, 3 de outubro de 2010

Exercendo meus direitos

A constituição garante o seu direito de permanecer em silêncio! É, (você mesmo) fique calado. Seja mais um manipulado pacífico. Não há nada no mundo que me dê mais satisfação do que ser manipulado. Como é lindo o meu direito de exercer a cidadania. É, estou revoltado. Podia estar fazendo qualquer coisa que eu quisesse, mas não, tenho que acordar cedo na porra do domingo e EXERCER a minha cidadania! Exercer de (palavrão) é (outro palavrão).

“Do que me adianta, viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar”. Dos ditos do clássico sertanejo eu revolvo o meu lixo interno e exponho minha insatisfação. Eu queria pegar um por um daqueles cretinos que divulgam que, votar é exercer a cidadania, e instaurar uma nova lei: “dar o seu (o primeiro palavrão) é obrigatório! Exerça a sua cidadania e dê consciente!”

Quanta hipocrisia, quanta safadeza, quanta manipulação e ninguém vê?! É impressionante observar o quanto as pessoas se divertem com essa loucura. Os (manipulados) eleitores apóiam pessoas que eles nunca, sequer, estiveram presentes em suas vidas e, pior de tudo, defendem com unhas e dentes aqueles malditos manipuladores. Quanta ‘tosquidão’ eu não tive quer ver e suportar. Quanto tempo eu não tive que ficar em pé esperando na fila maldita de domingo? (E olha que era totalmente voluntário, eu queria MUITO estar alí) Quantos minutos não foram gastos no maldito transito para ir e para voltar? O pior, e que acentuou a minha revolta foi: o que eram aqueles malditos cartazes explicativos??? Um deles era alguma coisa assim:

“Agora você pode votar para presidente, e outro ‘canalha corruptivo’ qualquer, fora de zona eleitoral. Chama-se voto transitório...” Que merda é essa? Eu li isso e meu cérebro decodificou: “Agora, otário, você pode ter o direito (leia-se: obrigação) de se ferrar tendo que votar até nas suas férias (ou seja lá o que você estava fazendo para se safar dessa). Isso se chama voto introdutório!!!”

Fala sério! Uma enganação atrás da outra. Não sei a ordem dos fatores mas, tivemos que saber votar com dezesseis anos, votar até os setenta anos (exercer a cidadania, lembrem-se sempre dessas palavras) – e foda-se se você é doente, pra isso existe a justificativa... ah é, você tem que ir no ‘puteiro’ eleitoral do mesmo jeito pra poder fazer isso – temos também o voto dos índios, e olha que coisa mais benéfica para os aborígines, não?! E é voto que não acaba mais. Tudo obrigatório (exercer a cidadania) do jeito que você contava que fosse. Agora me diz: por que é que um adolescente de dezesseis anos não pode tirar carteira de motorista, mas tem a opção do voto? (grandes merdas) Vai falar que ele pode matar mais gente dirigindo um carro do que elegendo um canalha???

Entre tantas patacoadas e imbecilidades, eu fui votar, por livre e espontânea vontade (exercendo a cidadania) e passei as minhas muitas horas até que conseguisse, por fim, sentar naquela cadeira de frente para a urna (e não manipulada) eletrônica! (Como se esse sistema de processamento de dados fosse incorruptível) Digitei os meus vários zeros e confirmas e terminei anulando todos os votos. Agora, se posso dizer que alguma coisa nisso tudo pra mim fez sentido, digo: tirei o peso do mundo de minhas costas! Anulei com o maior orgulho que, um dia, eu já pudesse ter sentido. E termino desabafando: vai obrigar a (nome pejorativo) que pariu, a exercer a cidadania!!! Malditos manipuladores.