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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mariana


Nem tão grande nem tão curto
Um caminho de um dia aquecido
A vida me deixou de tributo
Um outro dia percorrido

Lá pelos anos de mil e alguma coisa
Uma bela e vistosa morada
Uma cidadezinha maravilhosa
Que visitei com minha amada

Se de lá trouxe algo, foram emoções
Me engrandece um sonho atrevido
De majestosas e suntuosas construções
Humilde num lugar quase esquecido

Acolhido por gentil e amigável gesto
Modesto e até mesmo carismático
Nada me resta de todo resto
Trouxe comigo um sonho fantástico

É, a vida é cheia de promessas
Dessas que você jamais poderia esperar
Não vejo a hora de um próximo retorno
Àquela típica e caprichosa cidade lar

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sozinho


            Não é à toa que mesmo acompanhado a gente se sinta sozinho. Mesmo no meio de um mundo de gente nada é suficiente. Podemos sim ter a sensação de que estamos cercados de amigos ou até mesmo de estranhos, mas no fundo, no fundo a gente sabe: sempre estaremos sozinhos.

Não vejo um meio de evitar isso. Talvez não existam meios. De que vale afinal ter alguém ou estar com alguém? Por que nos importamos tanto com isso? Talvez apenas – inutilmente – tentemos preencher essa solidão que já nos vêm embutida. Talvez essa nossa mania de não desistir – mesmo quando já estamos “desistidos” – nunca de lutar contra aquilo que nos impede de ser feliz. Talvez – infelizmente – sejamos tolos demais para aceitar a nossa solidão.

Já ouvi muita gente se gabar de não precisar de ninguém ou mesmo dizer que prefere estar sozinha na maior parte do dia – ou ele todo. A “verdade” é que ninguém gosta ou quer estar sozinho. Ao menos é o que parece muito ser a “verdade”. Ao menos eu sei que não gosto de estar sozinho. Mas quando eu encaro a realidade, a triste e dura realidade, me dou conta de como estou sozinho. Como agora, a escrever. E não importa o quanto eu queira estar com alguém ou que alguém esteja em algum lugar querendo falar ou estar comigo, sempre estarei sozinho. E você também. Duro, mas é um fato.

Posso estar com a pessoa amada, nesse exato segundo, mas se olhar para o meu profundo e inóspito interior, “ver-me-ei” sozinho, solitário, unitário. Posso estar sendo abraçado, beijado, requisitado e tomado de atenções, mas nem mesmo assim deixarei de estar sozinho. Nascemos sozinhos e morreremos sozinhos.

Meu intento não é desabafar um mórbido e melancólico texto, por mais triste que este lhes pareça, não é essa a minha vontade. Quem sou? Não tenho ainda a menor ideia. De onde vim? Tão pouco também o sei. Pra onde vou? Olha, se nem ao menos sei para onde vou amanhã, quanto mais depois da morte. Como ia dizendo, não estou a me lamentar. Isso é uma mera reflexão – venho precisando de uma há tempos. Refletir sobre a solidão interior até que não é tão duro quando não estamos tomados por um desespero de se sentir sozinho. Sinto-me confortável a escrever sobre isso. Acostumei-me a isso? Não me toquei ainda de uma esperada dor? De fato não sei. Sei que, agora, não está doendo.

O que posso eu dizer sobre a solidão? Bom, além do fato de morar “sozinho” e raramente estar na companhia de alguém além de mim, tenho sempre a sensação de que nada mudará o fator solidão. Creio que a solidão seja uma constante. Como uma lei natural da vida. Acredito que se compreendêssemos esse fator e o aceitássemos, viveríamos em menor dificuldade e melhor harmonia. Não é tão ruim assim estar só. O que nos faz temer tanto a solidão é o fato de termos que estar acompanhados única e exclusivamente de nós mesmos. Será então que somos tão agradáveis como pensamos? (reflitam sobre isso)

Se tenho que aceitar que sempre estarei sozinho o melhor que tenho a fazer é tirar um bom proveito disso. Como? ... (realmente não estou sendo bom com respostas) Espero que eu consiga acostumar comigo mesmo e me sirva de companhia até o fim da vida. Taí, nunca estaremos sozinhos, sempre teremos a nossa própria companhia. Desagradável ou não, é o que nos resta.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Lugar inspirador, dia inspirador


Nessa ou naquela sala,
Creio que no prédio todo.
A embalada voz da profetiza
Inspira meus movimentos.

Tempo fechado prum dia corrido,
Fome bate dentro do corpo.
Cabeça livre de maus grados.
Bem estou co’minha amada.

A vontade vem,
A tinta escorre
O vazio se preenche
De vagas idéias.

Mesmo com toda aquela estridência,
Que cá ouço vinda lá de fora,
Não perco o “meio” foco desta
Minha inspiração vadia.

Fecho o verso impreciso
Não por falta de desprendidas palavras.
Findo simplesmente (toscamente)
Por beirar o fim das linhas desocupadas...

(Havia aqui mais uma linha vaga)

Oração do discurso


Senhor, dai-me clareza
Para entender as vãs
Palavras proferidas nessa
Aula pouco produtiva.
Que Tua luz surja
Como um raio e me
Faça compreender repentinamente
Todo o indizível e
incompreensível discurso
analisado.
Dê-me forças para aprender
Toda essa abstração
Que em toda minha vida
Abstrata não sou capaz
De abstrair.
Proteja minha professora
Do desânimo de meus colegas
E de meu próprio.
Só faça, por favor,
Que mais esse discurso
Chegue ao fim,
amém!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Natural


E nessa ventura sem fim
Bonança, mansidão e calmaria
No acinzentar do novo dia
O frio do céu fechado, calado.
Rebate a arte em verso livre que
Consiste em navegar em celulose,
Pomposo gesto nobre de criar.
Gotas caem ao chão seco
Ventos médios sopram os arvoredos
A pena corre o espaço branco.
Completam os pensamentos as letras
Juntam-se os pupilos a aprender,
Entre quatro paredes, os versos de
Homens livres, homens dos campos
Dissimulados vivendo nas cidades.
Quero’ embora daqui e o ar respirar.
Ler, escrever e ver a Natureza nua
Sem sons estridentes, recorrentes
Quero deixar a fúria em prol da serenidade
Ver o dia escuro e tempestuoso
Do alto de uma bela montanha
Ter ao lado a pessoa amada e
Também a criação, toda ela.
Cultivar e colher todos os frutos
De se estar livre do temeroso
Dia urbano que me entristece.
Oh, amada Mãe, recolha teu filho
Choroso, necessitado da paz
De teus seios fartos de verde!