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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ao jovem poeta... meu grande amigo...

(O que está escrito abaixo é um desabafo. Tentei escrever este texto por dois dias. Quando finalmente escrevi, estava aliviado de minhas dores e pude ver realmente o que devia fazer. O titulo também foi mudado. Era pra ser uma crítica e o primeiro grande parágrafo o é. Mas o segundo passou a ser uma carta direcionada a meu querido discípulo. Coincidentemente é hoje o seu aniversário. Espero que minhas palavras te inspirem mais do que os meus atos. O título dado aqui e todo este texto é minha homenagem pra você. Parabéns.)

Por horas e mais horas refleti o que escrever e como aliviar minha mente de tais perturbações. Visto não saber como iniciar minha revolta, em palavras, decidi por deixar minha mente falar em seu fluxo natural. Não estou nem um pouco feliz e agora nem sequer triste. Meu ódio se esvaiu com minha noite de sono. Precisei matar minha aula de hoje pra não me tornar um zumbi sonolento e preguiçoso. Ontem, porém, não parava de me magoar com meus pensamentos. Demorei horas pra dormir. Me perguntei n vezes o por quê? Não, não compreendi, a ainda não compreendo. Sempre me questionaram a cerca da traição, ontem porém, tive provas do que considero traição. O que me revoltou, que é o discurso principal deste texto, foi minha intolerância às drogas. Vou expor aqui o que mais me irrita neste assunto e o que me levou a escrever sobre ele. Pra começar, acho que quem faz uso destas merdas, além de não saber o que faz, acredita que tem controle total sobre o que está fazendo. Acredita na verdade que está pregando e se justifica como se aquilo fosse sua única visão. Seu mundinho distorcido e inacabado. Eu comparo o discurso em favor das drogas como sendo o mesmo discurso de fanáticos em favor de suas crenças religiosas. Vamos deixar bem claro, com muita dificuldade, vou expor apenas a minha opinião e não o que julgo verdade. Vou me ater apenas a alguns fatos e comparações de minha vivência. Vou tentar ser democrático com algo que abomino, comparado a um estupro ou mesmo um assassinato. Sei que exagero muito quando falo disso, mas o que eu deveria fazer? Penso muito em apenas deixar de lado e não me importar mais com isso. Já cheguei a achar que eu realmente estou louco e que se o universo é usuário, o errado aqui neste mundo sou eu. Será? Bom, lamento minha incompreensão e meu preconceito, mas pra mim não dá. Sabe, ver todos a minha volta, um a um caindo neste vício e se perdendo pra sempre. Inúmeros são os amigos que tive e que me afastei por preferirem essas companhias. Não posso julgá-los? Claro que não, mas não tenho que aceitar perder as pessoas que amo e que realmente dou valor sem me revoltar. Não é certo, não é justo. Ta certo, a escolha é deles, mas não é justo, não é bom. Isso tudo que eu estou engasgado pra dizer, veio de uma descoberta muito, mas muito triste. Como a maioria sabe, dou aulas particulares de violão e guitarra, e um dos meus alunos, um dos mais queridos, um que faz aula comigo a mais de três anos (se não isso, ao menos parece, bem mais), se revelou sendo um dos usuários destas coisas que abomino. Como esconder o tamanho da minha decepção? Não tenho palavras pra descrever o que eu senti na hora, nem depois, nem agora... tenho alguns dos meus alunos como amigos, outros como irmãos mais novos e assim por diante. O que senti na hora, seria mais como a perda de um filho. É comovente e não está sendo exagero da minha parte. Se você ler isso, não pense que não sei o que estou dizendo. Não preciso experimentar e viver deste meio pra saber que não é bom. Se assim o fosse, teria que matar dezenas pra saber que não era um assassino. Nesta hora, meu tempo de vida e todas as minhas experiências contam pra alguma coisa. Você não sabe o que faz, vai por mim, pode achar que sabe o que é melhor pra você, mas não sabe. Na idade dele era muito mais independente e mesmo assim não passava de um crianção, sem noção do que estava fazendo. Demorei muito pra ter consciência e mesmo quando a tive, considero ter sido por pura sorte. Só me tornei um homem de verdade depois dos meus trinta anos. É muito complexo afirmar e saber o que se está fazendo. Não, você não sabe. Minha opinião mudou a vida inteira e acredito que a de muita gente seja assim. Me considero um cara de mente aberta, mas abrir a cabeça pra uma experiência que não é real e que não estarei em mim pra ser minha própria testemunha, não e ser mente aberta, é ser mais um no meio de milhões. Você não está sendo original e nem está sendo cult. Está indo pra um caminho, que mesmo que retorne, terá perdido muito. Não, isso não relaxa, só te dá esta falsa sensação. E isso não é motivo pra se manter um consumidor da droga. Sempre pensei que seria uma inspiração para os meus alunos. Me orgulho de ser extremamente careta. Não fumando, não bebendo, não usando drogas e nem ao menos comendo carne, pensava eu, ser um exemplo pra eles. Mas nada no mundo é perfeito. As pessoas têm que errar muito pra se encontrarem, mas até quando errar? Desculpe você, desculpem as pessoas que pensam de uma outra forma, não sou um cara que gosta de ver o melhor de uma pessoa se perder por entre suas falsas expectativas. Não acredito nas drogas e nem no que ela pregam, elas não são deuses pra mim, não são minha filosofia de vida, elas são apenas coisas que me incomodam. Estou farto de lutar contra as pessoas, já decidi por me abster de confrontá-las, mas até quando eu vou perder? Não quero que meus amados amigos se percam. Vou sentir a falta de cada pessoa que se foi ou que está indo. Pense com o cérebro (ou o que restou dele), realmente isso te faz ser melhor, te engrandece? É isso que quer fazer nos próximos anos de sua vida? Só porque é legal, porque relaxa? É pra isso que está aqui, pra viver cada momento de sua vida como um perfeito idiota? Você, e vocês não estão sendo uns caras descolados, estão fazendo papel de trouxas, de otários. Assumem as drogas como seu princípio de vida, falam sobre isso achando graça, falam de como se sentem quando usam e se regozijam de sua extrema imbecilidade. Criticam a sociedade, a Igreja, a religião, e tudo mais que o mundo acha certo, mas e daí? Pra começarem a seguir uns aos outros como verdadeiros devotos de suas insanidades. Crêem nas santas drogas, nas santas viagens e nas santas burradas que cometem todos os dias. Que palhaçada é essa de se achar mais liberto ou mais esperto do que os outros? Vocês são mais escravos desta merda do que um fanático religioso. Precisam mais disso do que uma beata precisa do perdão de Deus. Suas drogas são o seu deus. Defendem isso fervorosamente e lutam por seus ideais falidos. Pregam a liberdade da mente, sendo que o que acontece é exatamente o oposto. Vocês não têm mente, não pensam, são programados a se reabastecerem pra continuarem pensando. Precisam desta merda como os comuns precisam de água. Ironia é saber que sem água vivemos até sete dias.

Sabe, meu caro, pensei em parar de te ensinar, de parar de conviver ao seu lado e de falar com você (e outros que estão nessa com você). Este foi meu primeiro pensamento. Queria estar longe de toda a decepção causada. Não queria mais me magoar com coisas assim. Sempre lutei contra essas coisas e você sabe porque escondeu isso de mim por tanto tempo. Sabia de minha desaprovação. Seus argumentos não são válidos, suas justificativas são todas falsas. Condenei-te no primeiro instante. Queria ficar o mais afastado possível. Mas depois que me acalmei, pensei: pode ser que um dia você queira a minha ajuda e eu posso estar longe demais pra poder te ajudar. Não quero te fazer parar, não quero pregar nada a você. Não vou te dar nenhum sermão (não mais do que este escrito), nada farei. Suas causas, suas conseqüências. Você tem que seguir seu próprio caminho. Não posso escolher por você. Não tem nada que eu queira mais do que te ver longe disso, e espero que quando perceber o que está fazendo consigo, não seja tarde demais. Quero muito continuar puto com isso, mas vou deixar pra lá, como se nada tivesse acontecido. Quero continuar sendo o seu mestre e espero que eu seja realmente um mestre pra você, alguém que conseguiu te guiar nos caminhos tortuosos da vida. Alguém que possa ser um exemplo, não um mau exemplo, algo consistente e verdadeiro. Alguém que esteja lá pra te apoiar, mesmo nas piores horas. E se escrevo todas estas linhas com lágrimas nos olhos é porque amo você como a um filho e não desejo que isso atrapalhe seus passos. Que perceba que nada disso te faz ser melhor, escrever melhor, compor melhor ou tocar melhor. O que te faz ser melhor sempre esteve dentro de você e é o seu coração. Esta é a única coisa que precisa pra poder seguir adiante. O amor de todos a sua volta você já tem. Onde está o seu amor próprio, jovem poeta?

De quem se importa muito com você, seu amigo: Pedro Henrique Diogo Delavia.

Um comentário:

  1. Não seja tão duro com seu pupilo...
    Nem todos tem o privilégio de conseguir encarar a vida de frente de cara limpa.

    "Viver é um descuido prosseguido" (Grande Sertão Veredas)

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