Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de junho de 2010

Reflexão

Devaneios,
Trechos fragmentados dos frascos partidos da lembrança.
Momento imediato de absolutamente nada.
Tosca caligrafia, documento registratório de nesga nenhuma.
Viver o nada do presente passado, esvaído.
Circundar com delimitações imaginárias o vago do vazio.
Prender em falsos recipientes o sequer existiu.
Olho imagens geradas por minha percepção descabida.
Toco em fluxos imaginativos de minha mente.
Cheiro o odor inodoro do pensar.
Vibro as células com lamentos pesarosos, incompreensíveis.
Caibo na gota do orvalho do dia ensolarado.
Observo a luz da escuridão sombria dos dias de inverno.
Pratico gestos e atos somatórios, incautos e invisíveis.
Desejo sentimentos verossímeis de improbabilidades.
O vento sopra o pó do esquecimento.
A claridade apaga a idéia brilhante.
O calor envolve o gélido destino de não ser.
Viver consolado de produzir mais uma fatia de esquecimento.
Gerar outra vida a ser obliterada.
Juntar os cacos que completam o vácuo.
Despertar o anterior a tudo,
Para que envolva novamente
O que sequer veio, a um dia,
Poder refletir...
Sabia que vivia.
Sabia que refletia.
Concluiu que não estava ali.
Que nada era o tudo.
Que tudo estava repleto de nada.
Vagou a longos passos
O infinito de incompreensões.
Sentou, descansou...
...não, não existia
não mais refletia
refletiu sobre o refletir
refletiu que nada era melhor do que não estar,
do que não ser,
do que não existir,
do que não ter que pensar.
Viu-se refletido.
Refletiu sobre o reflexo,
Nada mais era do que o reflexo de sua reflexão...

Um comentário: