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domingo, 26 de setembro de 2010

O desapego não funciona com bicho

A coisa que mais me impede de escrever, ler ou assistir sobre o sofrimento animal é o descontrole acerca desse assunto. Lembro até hoje do livro que mais me fez chorar, pra falar a verdade, o único livro que me fez chorar: Vidas Secas do Graciliano Ramos! Exatamente na parte da morte da cachorra Baleia. Só de pensar na cena descrita, já fico emocionado. É duro pra mim, admito. Quando escrevo algum conto ou qualquer coisa que seja, tomo o máximo de cuidado para não chegar a nenhuma maldade animal feita por meus personagens. É estranho para mim, mas não tão estranho assim, o fato de eu gostar mais de animais do que de pessoas, mas não tem como não amar seres tão lindos e nobres assim, certo? Perguntam-me, vez ou outra, se eu gostei do filme ou li o livro: “Marley e eu”; minha resposta é curta e clara: “nunca vi!”. E por que não? Oras, eu já sei que o cão vai morrer no final e não quero pensar em ver tal cena. “Sempre ao seu lado”, com Richard Gere; outro que eu não topo ver nem matando! Sério! Não vi e nem verei, não dou conta. Acho que sou tão duro e seco com relação a algumas tantas coisas que quando chega nessas horas – a do sofrimento animal – eu não consigo me segurar e, tudo o que estava reprimido, vem à tona. Uma outra coisa que lembro sempre é o tal do “Christian the Lion”... estava eu, lá, desprevenido, olhando meus recados no orkut, quando encontrei um scrap de uma amiga pedindo para eu ver este vídeo. Ela dizia que era lindo e que eu ia adorar por gostar de animais. Caaaaaaaara... pra que?! Chorei umas boas horas. Não é que o vídeo possua maus tratos, mas era muito triste ver naqueles sujeitos o desapego que eu nunca consegui ter. Eu me punha no lugar deles e pensava: “Eu jamais iria deixar o leão ir embora!”

Isso tudo foi só o que eu vi no mundo fictício, não ouso sequer contar as infelizes experiências por que passei na vida real. Sinceramente, parte o meu coração só de pensar. Cada sofrimento que presenciei, e toda aquela crueldade do mundo humano que vi... claro, não chega nem perto do que muitos de vocês já vivenciaram, mas é triste mesmo assim. Todas essas tristezas, descritas acima, são para falar sobre o desapego. Por mais que eu leia ou pratique-o, tentar deixar pra lá, um ser que precisa tanto de nosso amor, é uma tarefa quase que impossível, uma tarefa de deuses. Sei que não é impossível, mas ainda não estou preparado para perder nenhum dos meus animais. Não sou forte o suficiente para suportar perdas. Mesmo já tendo passado por algumas. Mas qual seria a solução para tão agoniante tarefa, senão suportar e aceitar? E é pensando nisso que tento aprimorar-me para os dias que inevitavelmente virão. Digo a todos que os amam como eu: força e clareza de pensamento. E boa sorte para todos nós. Eu, pelo menos sei que, vou precisar de muita.

3 comentários:

  1. Muito legal seu texto sobre bichos e apegos, aliás analisando suas escritas vc não parece ser do tipo que se apega... com exceção a animais...
    Escreve tantos textos mal humorados, tantos sentimentos superficiais, tão autosuficiente. Está sempre na defesa e não me critique por te analisar, pois a partir do momento em que se despõe a ser um escritor se torna uma figura pública. Não seja tão duro com vc, realmente o mundo não é fácil, mas o momento de ser feliz é o agora, contemple o que te cerca, agradeça a Deus o que já vivenciou, pois só assim vc é o que é hoje. Mas dê espaço a novas vivências, se desarme, do contrário não consiguirá viver de verdade, mesmo que o viver seja sofrer, mas que seja um sofrer intenso... Procure alguém para dividir, para somar, ou se não quiser procurar deixe que algém te encontre...
    De alguém que te desaja o bem.

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  2. Obrigado pelas palavras, pena que é sempre anonimamente! Que bom que, mesmo anonimamente vc me deseja o bem!

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