Pesquisar este blog

sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre meu pai

Sempre gostei muito de escrever e nunca me faltou assunto. Meus projetos literários são vastos. Realmente não vejo um fim para as coisas que pretendo escrever. Embora isso tudo seja de muita valia pra mim e, muito importante para os cursos que devo seguir, uma vontade em mim não se cala. Uma vontade não, uma necessidade. De todos os assuntos que pretendo escrever, um que não para de me atormentar, é escrever sobre meu pai. Não acho, contudo, necessário explicar o por quê dessa vontade. Os que me conhecem, mesmo os que não, sabem que muitos dos meus ensinamentos vieram dele. Não quero aqui desmerecer minha mãe, a quem infinitos agradecimentos devo. Se não fosse o empenho dessa mulher em me educar, jamais teria aprendido a respeitar o outro. Jamais teria aprendido a ser educado. Jamais teria chegado até aqui. O fato de eu querer falar sobre meu pai jamais excluirá a necessidade de escrever também sobre minha mãe. Não dá para separar o que sempre esteve junto por todo meu desenvolvimento.

A necessidade, necessidade não; obrigação! de escrever sobre meu pai veio se intensificando com o passar do tempo. Meu pai já está com setenta anos hoje. Suas percepções e recordações estão cada vez mais falhas. O tempo que possuo para resgatar tudo o que puder dele está se esgotando. E a oportunidade que tenho em minhas mãos, de tê-lo aqui presente em minha cidade, é mais do que um presente. Não posso desperdiçar um momento assim tão glorioso. O que eu vou contar para meus filhos, quando esses me perguntarem do avô, se eu mal me lembro de algo do meu próprio avô? Essas lacunas estão jogadas as traças há anos. Não posso mais ser tão relapso. Preciso produzir, o quanto antes, o pouco que resta da memória da minha família. Da minha memória...

Sei que não estou em posição privilegiada, mas também não estou sem nada. Meu pai escreveu uma espécie de diário durante muito tempo de sua vida. São mais de dez agendas, repletas de informações sobre seus dias. Mas isso tudo é ainda muito pouco. Esses diários foram escritos em sua fase adulta, quando já era casado com minha mãe e quando já tinha todos os filhos (ou uma boa parte deles). E não é só isso. Tenho conversado com meu pai e achei a introdução perfeita para a sua biografia. Uma lembrança. A que ele afirma ser a mais antiga que pôde se recordar e, que tanto marcou sua infância. Achei magnífica a forma como ele relatou, em detalhes, todo aquele minuto de seu passado mais remoto. Refletindo agora sobre seu relato, percebo que mais uma coisa devo a ele: entendi de onde veio essa minha vontade de explorar detalhes de todas as informações. Obrigado pai.

Bom, esse texto é mais um lembrete do que um texto em si. Além de uma singela homenagem ao homem dos homens – para mim. É a forma de externar minha nova missão. De todos os relatos verdadeiros de minha vida, de toda a ficção que transborda de meu cérebro, de todas as homenagens que tenho a obrigação de prestar; dentre elas: as pessoas que fazem parte de meus dias, meus amigos, meus amores, minhas alegrias e tristezas; dos animais, a quem eu tanto devo... de tudo isso!, o mais importante, e imediato, é escrever sobre o homem pai. Aquele que, mesmo transbordado de defeitos e fraquezas (assim como eu), ensinou-me a ser gente. Se hoje estou aqui, indestrutível perante todas as porradas dessa vida, é porque o senhor me ensinou a continuar vivendo e sobrevivendo. Lembro ainda do que ele sempre me diz nessas horas: “o maior come o menor” uma espécie de: “o que não nos mata, nos torna mais fortes”. Amo você, pai. A sua benção.

Nenhum comentário:

Postar um comentário