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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fantasma Albina

Não sei bem quando, eu conheci um fantasma. Sim, é verdade. Pode parecer irreal, sobrenatural. Mas, juro! Eu conheci um. Foi meio que sem querer, estava numa aula, um dia como outro qualquer. De repente, no meu lado, lá estava ele. Ele não. Ela! Era ‘uma’ fantasma. Momentaneamente não pude saber ao certo o que era. Parecia realmente uma mulher. Bonita até. O que me fez acreditar que era um espectro foi a sua palidez. Não alguém pálido ou uma pessoa Albina comum. Era praticamente translúcida de tão branca. Mas não foi assim, tão de repente que eu percebi isso. Levei mais de um dia para perceber que ela, tratava-se de fato, de um ‘poltergeist’.

No curso daquela aula as coisas foram transparecendo (desculpem-me o trocadilho). Primeiro, depois de perceber que ela estava ali do meu lado, eu resolvi estabelecer contato, assim com sempre fizera com os colegas anteriores. Sorri para ela e ela me devolveu o sorriso. Sem mais delongas perguntei: “Você sempre estudou nessa sala?”. Ela sorriu demoradamente e respondeu: “Sim, sempre!” Disse-me com verdade na voz, mas, mesmo assim, não me convenci. Sentia algo estranho nela, não ruim, apenas estranho. Continuei: “É porque eu nunca tinha te visto por aqui, até hoje.” Ela logo me respondeu: “As pessoas não costumam me notar.” Achei engraçado mas um pouco triste. Engraçado porque ela era muito vistosa. Triste porque não era bom ser excluído. Não que ela fosse, pouco sabia a seu respeito.

Seus cabelos, de tão loiros, pareciam brancos. Sua pele clara, como já havia dito, era muito chamativa. Não dava para não vê-la ali entre os demais. (contraditório para alguém tão transparente, mas real) Ela realmente destacava-se na multidão. Calei-me por um tempo, atento à aula. Volta e meia eu bisbilhotava-a com o canto do olho. Sua excentricidade era grande. Uma mistura de beleza e mistério. Gostava do que via. Simpatizei-me com ela quase que imediatamente.

O tempo passou e já era quase o fim daquela exposição literária quando retomamos a conversa. Tudo o que eu pergunta era respondido com prontidão. Ela perguntava pouco de mim, como a evitar-me. Não me detive. Continuei a conversação em busca de uma amizade. Sua rispidez me contagiava. Rispidez porque no decorrer do assunto interrompia-me com algumas tiradas ofensivas. Uma espécie de defesa natural. Qualquer outro teria desistido depois das três primeiras ‘patadas’. Mas, perseverante que sou, continuei alí, buscando sua amizade. Todo aquelas tiradas soaram-me com um desafio. Desafio aceito! Queria-lhe como minha mais nova amiga. Por mais que se defendesse com hostilidades, perpassava por entre suas muralhas, também as suas doces qualidades. Via-lhe uma bondade oculta, um desejo secreto de ser querida. Parecia-me mais um teste, Testava-me para certificar-se de ser eu, um bom amigo. Creio então, ter passado, mais pela insistência do que por merecimento. Pois então, seu olhar fundo, mas brilhante, convenceu-me de toda sua beleza interior. Por fim, o horário terminou e, enquanto guardava meus pertences, ela desapareceu. Procurei-a naquele mesmo dia mas não a encontrei. O mistério permaneceu no ar...

Saí da sala encucado com aquela mulher. Vaguei por vários minutos pelos corredores a buscar-lhe, mas nada encontrei. Caminhei então para fora do prédio, sempre com a visão daquela mulher em meus pensamentos. Passei a tarde toda tendo flashes de nossas conversas. Sentia como se ela estivesse alí presente. Cheguei até a ter calafrios. Sorria sozinho quando lembrava daquela mulher. Até que em um determinado momento, um pouco antes de anoitecer, comecei a achar aquilo tudo muito estranho. Refiz mentalmente toda a conversa daquela manhã, as coisas não se encaixavam. Faltava algo ali. Parei tudo o que estava fazendo e postei-me apenas a refletir.

Quando me dei conta, já havia amanhecido. Havia passado a noite em claro. Estava exausto mas, mesmo assim, fui para aula com sua imagem implantada em minha memória. Meu maior objetivo era conversar com aquela misteriosa mulher, vê-la que fosse. Precisava encontrá-la. Acontece que, naquele dia, não a vi. Fiquei pesaroso, desejoso de sua presença. Cheguei em casa já à noite. Não me restando mais energias, adormeci. Tive um sono conturbado. Não parava de ter sonhos e pesadelos com ela. Acordei cansado, mas imaginei que talvez pudesse encontrá-la na mesma aula do dia retrasado. E assim foi. Lá estava ela. No mesmo lugar. Sentada como a me esperar. Tomei meu lugar e mais uma vez fiquei a admirar nossa conversa. Estava tudo tranquilo quando, de repente, tive um insight. Aquela mulher, loira e quase translúcida, podia não existir de verdade. Senti um arrepio percorrer-me a espinha. Disse alguma bobagem e, tomando coragem, toquei-a para testar-lhe a consistência. Puft! Ela sumiu. Diante de meus olhos. Demorei alguns minutos para me recompor. Incrédulo com o acontecido. Quando voltei ao instante presente, não tive mais dúvidas: acabara de conseguir minha primeira amiga fantasma!

Continua...

2 comentários:

  1. vc se acha tao bom que nao guenta um comentario q nao seja pra babar seu ovo. ridículo mimado
    'puft' apaga!

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  2. Eu não costumo 'guentar' nada! Já estava sentindo falta de seus insultos, oh, anônim(a) covarde! Por favor, não demore tanto para me insultar novamente... isso parte o meu coração! Ah é, eu não tenho coração!

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