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sábado, 28 de novembro de 2009

Capítulo primeiro, página 3

O garoto se virou a tempo de ver o galho descendo em velocidade para seu crânio e num último reflexo elevou seu antebraço esquerdo acima da cabeça interceptando o golpe. O choque conclui-se em um grande estalo e galho e braço partiram-se.

Um segundo, dois, mais exatamente três segundos seguidos de puro silêncio e o garoto irrompeu em um urro ensurdecedor que se propagou em todo o quarteirão. Os olhos viram e estes fugiram, puxando de volta à realidade o causador de tanto sofrimento. Os valentões puseram-se a correr desesperadoramente, fugindo dali. O agressor mor ainda se deteve um instante olhando sua obra, um sorriso se fez num canto da boca. Estava satisfeito. Virou-se e saiu pelo meio das tábuas. Antes porem que pudesse afastar seus ouvidos dali, Lucas, o encolerizado, escutou a voz lamuriosa que berrou de dentro do lote:

- Covarde! – gritou Tobias quase que aos prantos – Seu covarde... covarde desgraçado – Sua voz de lamento misturava-se a uma força estranha, um ímpeto de vingança surgia em seu eu. Custosamente o garoto se ergueu apoiando-se nos joelhos e em sua mão boa. O braço quebrado junto ao abdômen latejando impiedosamente.

Lucas se deteve a poucos passos do cercado, estagnou-se. Ouvira claramente as palavras. E estas o machucaram. Ele não era um covarde, ele sabia disso, ao menos era o que achava de si mesmo. Um segundo de hesitação. Estava só... que mal haveria? A vítima estava em frangalhos, não poderia com ele nem se estivesse saudável. A cólera voltava em jorros de adrenalina. Sentiu um desespero de por fim naquilo, queria aniquilar seu inimigo, queria matá-lo, realmente matá-lo. Espremeu os punhos acentuando os nós dos dedos. Alongou o pescoço pendendo a cabeça para um lado e para o outro. Voltou-se para a entrada da cerca e antes de caminhar até lá observou à sua volta; nada além de seus amigos correndo rua abaixo em direção a escola. Não estava preocupado, premeditou cada golpe, muitos deles. Lembrou de sua idade, apenas treze anos, três a mais que Tobias, não poderiam prendê-lo por isso, sequer descobririam. Estava decidido; seria assim. Não ia mais voltar atrás. Caminhou e passou pelas tábuas soltas, viu o “pirralho” – como pensava ele – de pé, segurando o braço torcido com a outra mão. Surgiu-lhe o ódio, o garoto o encarava com fúria. Gritou em uma explosão, armou um golpe com seu punho e correu em direção ao outro para percorrer a distancia que os separava o mais rápido possível.

Só, o mais novo deles não estava, não em presença física, este porem, estava assistido por outros, outros que o queriam bem e estimavam por sua saúde. Ao que, para os

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