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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capítulo primeiro, página 1

Dias poucos posteriores ao seu décimo aniversário, o garoto que seria homem, caminhava em seus silenciosos passos pelas tão pacatas ruas que o levariam de volta ao lar. Passos desconsertados em seus calçados modernos, maiores por pouco que seus pés, caminhava ele sem culpas, sem preocupações, a cabeça leve em seus pensamentos juvenis. Vestimentas já bem usadas, cores desbotadas, calças de homem de tecido jeans com as barras mal feitas arrastando no chão. Camiseta de algodão da cor marrom suave e de peso leve, comparada a enorme mochila abarrotada de livros e cadernos. A pele alva contrastava aos cabelos pretos noturnos, lisos mas desarrumados, caindo-lhe aos olhos por falta de aparo. Olhos medianos, castanho nozes, claros, brilhantes e atentos... não tão prontificados porém para perceber a turba que pela retaguarda chegava. Cinco era seu número e por mais alarde que estivessem fazendo, o mais jovem não os percebia. Cabisbaixo, meio trôpego, ele ia em calma serena para casa, afinal não havia por que se preocupar. Cidades eram assim: sossegadas. A rota costumeira após o horário escolar era sempre desta maneira. Fora assim nos anos anteriores e não haviam razões para o ser neste ano. O jovem, cujo nome era Tobias, além do mais, não possuía inimigos... não até aquele instante.

Cinco, seis? Sete eram os quarteirões que percorria todos os dias de sua casa para a escola e da mesma de volta para o lar. Este bairro além de ser de uma cidadezinha do interior, era também muito afastado do centro, da pouca agitação que lá havia. Casinhas quase que gêmeas ladeavam estas ruas, sem muros com pequenos jardins em seus frontes, cores gastas pelo tempo e nada de carros em suas garagens, um ou outro quando muito. Alguns lotes, ainda vazios, eram comumente cercados por grossas tábuas colocadas de pé, que tinham por única função, ao menos o que parecia, manter o espesso e comprido mato para o lado de dentro de seus limites.

A turma veio se aproximando, agitada, nada discreta. O intuito era claro, pegar, bater, machucar, provocar intencionalmente o mal. Poucas eram as chances de fato similar acontecer. Dia e hora errados? Como saber? Tobias não notou ao certo, não haveria de tê-lo notado. Linhas traçadas, por mais sinuosas que sejam, sempre tem um propósito e se algo estava acontecendo, era porque tinha de ser de tal modo. Poderia ele até mudar a forma, a circunstância, mas não lhe era possível alterar o fato. Estavam agora a poucos passos de suas sandices e estes vinham em número de cinco e como se não bastasse, maiores, mais fortes, mais tolos. Saberiam eles seus destinos? É claro que desconheciam, se o soubessem,

3 comentários:

  1. Desculpem qualquer problema com a paginação, pois o blog custa a aceitar o formato do Word. Deu um trabalhão. Decidi postar por páginas "wordianas", então não fiquem tensos se a postagem acabar do nada, mas é que assim fica mais fácil ter controle sobre o que irei postar e o que já foi postado. Obrigado.

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  2. Detalhe. Primeira página de minha obra publicada em homenagem ao meu grande amigo Flávio, que faz aniversário hoje. Flavão, espero que goste do que vai ler, não tenho a pretensão de ser um dos melhores livros que você já leu, mas se for bonzinho já é o suficiente. Felicidades meu caro. Abração!

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  3. Obrigado, nobre amigo! Li a introdução e essa primeira página. Assim que puder lerei mais. De todo modo, agradeço muito a dedicatória. Keep writing, Pedro writer! Grande abraço!

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