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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capítulo primeiro, página 2

clamariam por suas almas em largos choramingos, como os recém nascidos.

Tobias não se orientou nem se deu conta da peleja que seguiria daquele instante em diante. Jogado foi contra as tábuas do lote vago ao seu flanco esquerdo. Doeu-lhe o mesmo ombro em latente compasso. Balbuciou um gemido e logo foi interrompido por uma dor mais forte que tomou-lhe todo o ar respirado. Uma pesada em seu estômago, mais certeiramente em sua parte mais alta, o fez tombar esfolando-se entre tábuas soltas. Rolou no mato alto que o pinicava sem perdão. Não houve tempo para rogar nada a ninguém. Nem mesmo sua adrenalina chegou a circular dando-lhe alguma experimentação sensorial. Seu cérebro só decodificara uma informação: dor.

Os atacantes abriram espaço entre tábuas e pregos, se aglomerando para infiltrar no ermo lote. Olhos ferozes e dentes trincados prontos para impor mais sofrimento ao indefeso e descuidado rapaz. Dois dos cinco levantaram-no, cada qual de um lado, num abrupto solavanco. O garoto mal se firmando em suas próprias pernas, o ar lhe faltando, ouviu pela primeira vez verbetes hostis.

- Ainda não acabei com você, seu merdinha - vociferou o maior deles, que de frente ao garoto que era dois terços do seu tamanho, mirava-lhe um golpe, que, ao ser disparado, bambeou-lhe os dentes e sangrou-lhe a gengiva.

Desfaleceu-se o menor com sangue brotando-lhe dos lábios. Seu peso levou-o de volta ao chão, de bruços com a fuça enfiada na terra pisada e úmida.

Um, dois, três, ao menos uma dúzia de chutes o acertaram no abdômen, costelas, coxas e tudo mais que era carne. A vista lhe embaçava com as lágrimas e tudo girava. Os ouvidos em um constante zum, não lhe deixavam ouvir mais nada. O gosto enferrujado de seu sangue escorria-lhe pelos lábios.

Os golpes por fim cessaram e contorcendo-se no chão ele ficou ao que parecia uma eternidade. Seus órgãos gritavam, sua carne ardia, seus músculos inchavam. Seus agressores afastaram-se, uns até preocupados, os outros nem tanto e o pior deles abaixou-se para pegar um grosso galho no chão. Este não estava mais em suas próprias razões, estava ele encolerizado, desmedido de seus atos. Seus companheiros tentavam desestimulá-lo, este respondia com empurrões. Uma desgraça iria acontecer.

- Levanta seu bosta, você vai sentir o que é bom – disse rosnando e elevando a arma por sobre a cabeça pegando impulso para o seu fatal golpe.

6 comentários:

  1. Alguém sabe como eu faço pra esse blog publicar os textos em um tamanho de fonte só?

    Tenha dó!

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  2. Problema resolvido. Obrigado pela dica, Flavio!

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  5. Postagens removidas??? Censura no seu blog. Que isso Pedro. Gstei das duas primeiras páginas. Tenho umas sugestões, depois te falo. Abração. Paulo

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