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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Capítulo primeiro, página 12

lentamente – e assim o garoto fazia, como se não tivesse forças pra se quer opor ao pedido que lhe chegava mentalmente. E ele continuava – concentre-se em seu corpo, saudável e perfeito... não existe mais a dor... – e a voz prosseguia na mente do jovem como se sempre estivesse estado ali. Frase após frase, uma após a outra, Tobias as incorporava como suas, como se sua mente lhe dissesse o que havia de ser feito e pensado. O alivio já estava presente no garoto quando o audaz findou suas preces, nada mais latejava, nada mais doía, ao menos nada mais incomodava internamente, suas marcas externas ainda estavam ali presentes, as bochechas arroxeadas e inchadas, o sangue seco nos cantos da boca e perto dos ouvidos denunciavam a agressão sofrida. Suas costas e abdômen estavam cheios de hematomas por sorte tampados pelas vestes. Nada porém se comparava com o restabelecimento de seu braço fraturado e seu punho torcido, estes pois, poriam o pobre rapaz em resguardo por bons dias, por instantes estes pensamentos lhe vieram à mente e com um modesto sorriso ele pode agradecer em silêncio. Embora fantástico e surpreendente fosse o feito do homem anjo, ao garoto, nada fora do comum parecia-lhe, não só por sua mente anuviada pelo torpor, mas também por este estar pré-destinado a uma vida repleta de glórias e sucessos, acompanhada é claro de muita dor e sofrimento.

Laasrael levantou-lhe mais uma vez, endireitou-lhe a postura e estendeu-lhe a mão para um último cumprimento, o menor assim o fez, e com um grande sorriso o anjo partiu virando-se repentinamente sem mais delongas. Tobias demorou a entender o que acontecia mas por fim falou-lhe em boa voz tentando chamar-lhe de volta:

- Laasrael? Não aceita entrar e tomar um chá conosco, ou alguma coisa pra comer? – queria o menino achar forma que fosse suficientemente à altura de um verdadeiro agradecimento.

- Não te incomodes, meu caro. Estarei bem. Parto agora, mas logo voltarei a ver-te, intenciono saber de teus progressos na vida – e dito, partiu sem olhar pra trás.

Tobias notou que o homem tomou a direção oposta à que chegaram e lembrou-se que sua casa era a última da rua e que naquela direção só havia uma trilha que margeava uma estrada de terra, esta terminava no rio que abastecia a cidade, bem como suas belas cachoeiras e lago. Naquela hora a vista não era tão bela como de manhã, quando ele e o avô faziam caminhadas por ali. Tentou dizer-lhe por onde o caminho o levaria mas já era tarde, pois o outro já se encontrava distante e mal podia distinguir-lhe a silhueta. Sorriu o menino

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